sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Especial | Série "Percy Jackson e os Olimpianos", de Rick Riordan

É claro que o primeiro Especial do blog tinha que ser desta série maravilhosa, né?!
Percy Jackson é muito amor no coração! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


"Um meio-sangue, dos deuses antigos filho,
Chegará aos dezesseis apesar de empecilhos
Num sono sem fim o mundo estará
E a alma do herói, a lâmina maldita ceifará
Uma escolha seus dias vai encerrar
O Olimpo preservar ou arrasar."
(Grande Profecia)


A série é composta por cinco livros, sendo eles:

O Ladrão de Raios
O Mar de Monstros
A Maldição do Titã
A Batalha do Labirinto
O Último Olimpiano

Além destes, foram publicados dois livros extras, que são:

Os arquivos do semideus
Guia definitivo

Todos os livros, aqui no Brasil, foram lançados pela Intrínseca.


Comentários gerais sobre a série (sem spoilers, eu juro)


O que mais me atraiu nesta coleção foi, com certeza, a mitologia grega. Sempre gostei de tudo o que envolvia Grécia e Egito. Mitologia romana nunca foi muito a minha praia, mas também gosto. O fato é que estava muito ansiosa para ser esta série, mas isto só aconteceu em 2013, infelizmente! =/

Em termos gerais, esta não é uma saga fantástica. Quando você termina a leitura não fica pensando "ó, que personagens magníficos, que trama emocionante, que sensacional!", mas ela tem, sim, o seu valor. E esse valor é notável.

Os personagens são muito carismáticos e bem caracterizados, as descrições dos monstros e dos cenários foram muito boas e convincentes, sem contar que o leitor tem uma baita aula de mitologia grega. Você conseguia sentir a atmosfera dos lugares e visualizar com exatidão as criaturas que estavam aparecendo.

É um passatempo e tanto! :)

Só acho que o autor subestimou um pouco o nível de compreensão do seu público-alvo. A evolução da trama e dos próprios personagens não foi muito perceptível ao longo dos livros. A história ficou muito previsível e a fórmula se repetiu de maneira insistente: ano letivo desastroso, ida ao acampamento, missão, batalha, fim do livro com gancho para o próximo. Funcionou? Sim, claro! Aliás, esta fórmula no melhor estilo Dan Brown nem me incomodou tanto, mas achei que Riordan poderia ter incrementado o enredo.

A série está recomendadíssima para todo mundo!

Abaixo você encontrará uma breve sinopse e alguns comentários pessoais sobre cada um dos livros. Se não quer obter spoilers, despeço-me de você, caro leitor, neste mesmo instante. Abraços e até a próxima! ;)

Caso você não se importe com spoilers, divirta-se com a leitura!



ATENÇÃO: A PARTIR DESTE PONTO, HÁ SPOILERS!

VOCÊ FOI AVISADO! :D



Os deuses do Olimpo continuam vivos, em pleno século XXI! Eles ainda se apaixonam por mortais e têm filhos que podem se tornar grandes heróis, mas que acabam, na maioria das vezes, encontrando destinos terríveis nas garras de monstros sem coração.

Apenas alguns descobrem sua identidade e conseguem chegar à Colina Meio-Sangue, um acampamento de verão em Long Island dedicado ao treinamento de jovens semideuses. Essa é a revelação que leva Percy Jackson a uma incrível busca para ajudar seu verdadeiro pai - o deus dos mares - a evitar uma guerra no Olimpo.

Com a ajuda do sátiro Grover e de Annabeth, Percy cruza os Estados Unidos para capturar o ladrão que roubou o raio mestre de Zeus.

Uma das coisas que mais gostei neste livro foi justamente descobrir quem era o pai de Percy. Pode parecer absurdo, mas quando comecei a leitura, eu não sabia disso. Foi um dos momentos mais emocionantes de toda a série. \o/ \o/

Nem preciso dizer que me identifiquei logo de cara com Annabeth, né? Ela é inteligente e destemida, duas características que eu admiro muito em personagens ou na vida real mesmo.

Foi um bom livro introdutório. Minha classificação no Skoob: ✯✯✯




Percy Jackson tem um ano irritantemente calmo na escola. Nada de monstros, nada de confrontos. Nenhum perigo imediato a rondá-lo. Até que ele descobre que os limites mágicos que protegem a Colina Meio-Sangue estão se esvaindo. A menos que uma atitude seja tomada, o acampamento será atacado por demônios e monstros. A única maneira de restaurar o poder dos limites do acampamento é encontrar o mítico Velocino de Ouro.

Assim, nossos heróis partem em uma arriscada e incrível viagem pelo Mar de Monstros - que fica, adivinhe só: logo ali, no Triângulo das Bermudas! Lá, enfrentam seres fantásticos, muitos perigos e situações inusitadas.

Para mim, foi o menos legal dos cinco livros. Mas mesmo assim, eu gostei! Ele é o menor livro da saga também.

Achei muito bacana a descrição da aventura deles pelo Triângulo das Bermudas (quando estão a caminho). A situação do Grover nesta história seria cômica se não fosse trágica, coitado!

E o que foi o final deste livro? Sensacional! Acho que foi um dos melhores desfechos de toda a série. Quando terminei a leitura, minha primeira reação foi: WTF?! Compensou todo o desenvolvimento chatinho!

Minha classificação no Skoob: ✯✯✯✯✯




Um chamado do amigo Grover deixa Percy a postos para mais uma missão: dois novos meios-sangues foram encontrados, e sua ascendência ainda é desconhecida. Como sempre, Percy sabe que precisará contar com o poder de seus aliados heróis, com sua leal espada Contracorrente... E com uma caroninha da mãe. O que eles não sabem é que os jovens descobertos não são os únicos em perigo.

O desfecho do livro anterior me deixou bem animada para a leitura deste e não me decepcionei. A inclusão de novos personagens (fundamentais!) deixou a história bem mais emocionante.

Temos nesta obra uma das missões mais desafiadoras e empolgantes de toda a série. No entanto, a ausência de uma personagem (que é devidamente explicada e necessária para o desenvolvimento do enredo, obviamente) durante quase toda a obra me deixou um pouco frustrada.

É um dos melhores livros da saga! Minha classificação no Skoob: ✯✯✯




Percy está prestes a começar o ano letivo em uma nova escola. Ele já não esperava que essa experiência fosse lá muito agradável mas, ao dar de cara com cheerleaders monstruosas e mortas de fome, vê que tudo, sempre, pode ficar ainda pior.

Nesse quarto volume da série, o tempo está se esgotando e a batalha entre os deuses do Olimpo e Cronos, o Senhor dos Titãs, fica cada vez mais próxima. Mesmo o Acampamento Meio-Sangue, o porto seguro dos heróis, se torna vulnerável à medida que os exércitos de Cronos se preparam para atacar suas fronteiras, até então impenetráveis. Para detê-los, Percy e seus amigos semideuses partirão em uma jornada pelo Labirinto, um interminável universo subterrâneo que, a cada curva, revela as mais temíveis surpresas.

Este é, sem sombra de dúvidas, o melhor livro da série! ♥

Os momentos em que eles passam dentro do Labirinto (e fora de também) são extremamente agoniantes. O confronto descrito é simplesmente sensacional!

Minha classificação no Skoob:  ✯✯✯




Nesse quinto livro da série, o combate que pode acarretar o fim da civilização ocidental ganha as ruas de Manhattan, e Percy tem a terrível sensação de que sua luta, na verdade, é contra o próprio destino.

Os meios-sangues passaram todo o ano preparando-se para a batalha contra os Titãs e sabem que as chances de vitória são pequenas. O exército de Cronos está mais poderoso que nunca e cada novo deus ou meio-sangue que se une à causa confere mais força ao vingativo titã. Enquanto os Olimpianos se ocupam de contar a fúria do monstro Tífon, Cronos avança em direção à cidade de Nova York, onde o Monte Olimpo está precariamente vigiado.

É um bom livro, com toda a certeza, mas eu esperava um desfecho um pouco melhor. Desfecho quanto à profecia de Percy, obviamente, porque as últimas páginas do livro foram muito amor! ♥

Não sei, mas pelo tanto que se alardeou em cima desta profecia (conhecida, inclusive, como Grande Profecia), eu esperava algo mais "super herói" mesmo. Tudo bem que ele foi um herói, mas pensei que fosse algo mais direto.

Toda a batalha envolvendo Tífon foi absolutamente sensacional. Principalmente a forma como ela terminou. Quase valeu pelo livro inteiro! ;)

Minha classificação no Skoob:  ✯✯✯




Além de três histórias inéditas com Percy e seus companheiros, este livro traz jogos, perfis ilustrados, entrevistas com os principais personagens da saga, o mapa oficial do Acampamento Meio-Sangue e dicas de como se preparar para uma temporada de treinamento - incluindo uma espiada exclusiva no que Annabeth Chase leva em sua mala.

Confesso que este não é um livro essencial para a compreensão da série, tanto é que só fui lê-lo depois de concluí-la. No entanto, alguns fatos que ficaram 'soltos' em O Último Olimpiano são descritos nesta obra extra. Além disso, as três histórias inéditas são realmente muito interessantes. Não é 'obrigatório', mas vale a pena.

Obs.: Este livro deve ser lido entre A Batalha do Labirinto e O Último Olimpiano. Fará bem mais sentido.

Minha classificação no Skoob:  ✯✯✯




Vida de semideus não é fácil. Combater monstros, decifrar profecias e lançar-se em perigosas jornadas para salvar o mundo são tarefas rotineiras, e um herói não pode vacilar. O filho de (SPOILER) liderou as mais importantes missões de meios-sangues dos últimos tempos, e tudo o que ele aprendeu está nesse guia. Afinal, nunca se sabe quando o mundo estará novamente em perigo.

Colorido, com fotos, mapas e ilustrações, o Guia definitivo mostra como descobrir quem é seu pai ou mãe divino, como detectar um sátiro e quais são os dez sinais de que talvez você seja um meio-sangue, além de informações sobre os personagens, as criaturas mitológicas - deuses, espíritos e monstros - e os lugares lendários que todo herói precisa saber de cor.

No meu entendimento, a existência deste livro não é necessária. Tudo o que consta nele poderia muito bem ter sido incluído em Os arquivos do semideus. Entretanto, valeu a pena pelo teste... Descobri que, se eu fosse uma meio-sangue, eu seria filha de Atena (diva!)! *__*

Minha classificação no Skoob: ✯✯✯


Para finalizar, quero dizer que foi muito gratificante escrever sobre a série. Sei que o texto ficou enorme, mas como são cinco livros e dois extras, não tinha outro jeito.

A coleção está mais do que recomendada! 

Abraços e até a próxima!  

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Resenha | A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.

Sinopse: 

Prepare-se, leitor, porque este, infelizmente, não é um livro qualquer. Ele nos traz, de maneira chocante e até decepcionante, a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público. Faz uma denúncia vigorosa do que foi chamada Era das Privatizações, instaurada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e por alguns de seus ministros e altos funcionários. Nomes imprevistos, até agora blindados pela aura da honestidade, surgirão manchados pela imprevista descoberta de seus malfeitos. Amaury Ribeiro Jr. faz um trabalho investigativo que começa de maneira assustadora, quando leva um tiro ao fazer reportagem sobre o narcotráfico e assassinato de adolescentes, na periferia de Brasília. Depois do trauma sofrido, refugia-se em Minas Gerais e começa a investigar uma rede de espionagem estimulada pelo ex-governador paulista José Serra, para desacreditar seu rival no PSDB, o ex-governador mineiro Aécio Neves. Ao puxar o fio da meada, mergulha num novelo de proporções espantosas. 


Confesso que, apesar de gostar muito de política, não sou uma grande entendedora do assunto. Estranho, né? Fiquei muito curiosa para ler este livro justamente por causa do título, já que uma das grandes reclamações populares em relação ao governo FHC é justamente referente às privatizações.

Aliás, PRIVATARIA = PRIVATIZAÇÃO + PIRATARIA! Achei digno! Hehe... :D

No entanto, preciso dizer que fiquei um pouco decepcionada com o livro. Talvez eu tenha iniciado a leitura com muita expectativa. Quase sempre esta é uma estratégia ruim, pois as chances de você se frustrar são infinitamente maiores. Quais foram os pontos problemáticos, no meu entendimento? Vamos lá...

Em primeiro lugar, muito pouco se falou de privatização. A menos que eu tenha entendido o propósito do livro de maneira muito equivocada, me pareceu que o ponto principal da obra era este. No entanto, o assunto foi citado de maneira muito breve. Foi mais ou menos assim: então, privatizaram essa, aquela e mais uma outra empresa, que foi vendida por 2x (e hoje vale 200x) pelo fulano, cicrano e beltrano. Ah, tá. Mas, e aí? Como o nome do livro remetia muito a essa questão, eu esperava uma problematização bem maior.

Em segundo lugar, o autor mencionou/denunciou muitas falcatruas relacionadas à lavagem de dinheiro muito interessantes (muito mesmo!), mas a utilização de linguagem específica acabou por atrapalhar a compreensão da situação (para pessoas leigas como eu, claro). Por se tratar de um livro importantíssimo, a linguagem poderia ter sido simplificada (através de gráficos, figuras ou quaisquer outros artifícios para facilitar a visualização dos esquemas obscuros).

Em terceiro lugar, tive a impressão de que o autor se focou muito nos ataques a José Serra e esqueceu-se de outros aspectos que seriam de muito mais relevância para os leitores como, por exemplo, detalhar a questão das privatizações e facilitar o entendimento do esquema de lavagem de dinheiro (já mencionados anteriormente). Tivemos capítulos e mais capítulos de denúncias a parentes de José Serra que, sinceramente, não tornaram o livro mais interessante.

Em quarto (e último) lugar, os documentos que comprovavam todas as denúncias feitas pelo autor poderiam ter sido anexados ao final do livro, pois os conjuntos de provas ao final de cada capítulo deixaram a leitura muito pesada e cansativa.

Apesar de todos esses pontos, é um livro extremamente importante e que deveria ser lido por todos os brasileiros, até mesmo por aqueles que não gostam de política. Apesar da linguagem não ser a mais apropriada para leigos, conforme destacado anteriormente, dá para, pelo menos, pegar o ‘espírito da coisa’. Nada que uma reflexão em conjunto não ajude. ;)

É de extrema necessidade, principalmente nesta época de eleição, conhecer todos os pormenores dos bastidores políticos, pois o que mais tem é gente esperta fazendo promessas que não tem a menor intenção de cumprir só para ganhar votos.


VOTEM CONSCIENTES, GALERA! \o/ 


Informações gerais 
Título da obra: A privataria tucana 
Autor: Amaury Ribeiro Jr. 
Ano da edição lida: 2011 
Editora: Geração Editorial 
Páginas: 344 
Classificação no Skoob: ✯✯✯

Abraços e até a próxima!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Resenha | Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose, de Stephen Rebello

Sinopse:

Psicose, de 1960, entrou para a história do cinema como uma das obras mais importantes do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Neste livro, o jornalista e roteirista Stephen Rebello desvenda os bastidores da produção considerada pelo American Film Institute como o melhor thriller de todos os tempos; conta a impressionante história real que inspirou o filme e revela a decisão do cineasta, após a recusa do projeto pela Paramount, de bancar ele próprio as filmagens, atraindo estrelas famosas por uma fração do cachê habitual, marca de sua obstinação artística e determinação.

Este livro é leitura obrigatória para todos os amantes do cinema!


Uma rápida explorada pelo blog e você logo vai perceber que sou fã de carteirinha de Psicose (tanto do livro, quanto do filme). Aliás, você pode conferir minha opinião sobre a obra AQUI.

Confesso que nunca gostei muito de cinema. Sempre preferi livros e músicas, mas ultimamente ando me rendendo à sétima arte (estou adorando a experiência!). O primeiro filme que assisti em 2014 foi, curiosamente, Psicose.

Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose relata desde a concepção da obra literária por Robert Bloch, até a criação de outros trabalhos cinematográficos de Hitchcock, passando por muitas polêmicas, frustrações e surpresas.

Foi muito interessante perceber como o diretor era detalhista em suas criações. Ele se preocupava de maneira insistente com o que o espectador iria perceber, questionar, avaliar e, possivelmente, criticar. Saber que ele levava muito a sério o seu trabalho e respeitava o intelecto de seu público foi muito gratificante.

Rebello foi nos contando sobre as pesquisas de campo que Hitchcock solicitava para compor os cenários (ele era muito exigente; queria que o filme representasse o mais fielmente possível a realidade), sobre as divergências de opinião entre o diretor e a Paramount, sobre censura, ‘picuinhas’ que ele tinha com determinada atriz, opiniões polêmicas e contraditórias de críticos de cinema, enfim, é um trabalho realmente muito completo.

Um dos méritos do livro é trazer ao conhecimento do público questões como escolha de figurino e cenário, posicionamento das câmeras, musicalidade, elaboração e alteração de roteiro etc. São coisas que normalmente ficam em segundo plano, mas que são extremamente importantes para o bom desenvolvimento do filme. O autor coletou depoimentos dos vários membros da equipe de Hitchcock àquela época, bem como de alguns atores que atuaram em Psicose. Estes diferentes pontos de vista ajudaram a enriquecer a obra.

A personalidade do diretor torna tudo mais interessante. Perfeccionista, teimoso, ‘vingativo’ em certa medida e também muito controverso. É curioso perceber como uma pessoa que se mostra tão segura de si externamente pode ser tão insegura internamente. Um dos méritos do livro é justamente deixar evidente que Hitchcock era tão humano quanto todos nós.

Como sou fã declarada de Psicose (sou tão fã que esta é a segunda vez que falo sobre isto só neste texto), achei o livro muito bom. Para quem não é tão fã assim, não sei dizer se a leitura será maçante. Mas uma coisa é certa: se você gosta de cinema, esta obra é obrigatória (a sinopse já alerta para isso). Há detalhes técnicos que você não encontra em qualquer lugar.

Só digo uma coisa: quero assistir todos os filmes de Hitchcock. Tinha conhecimento de que ele era considerado o ‘mestre do suspense’, mas passei a admirá-lo efetivamente enquanto diretor após a leitura deste livro.


Informações gerais
Título da obra: Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose
Autor: Stephen Rebello
Ano da edição lida: 2013
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Classificação no Skoob: ✯✯✯✯

Abraços e até a próxima!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Resenha | Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

Sinopse:

Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma resposta igualmente agressiva de um governo totalitário.

A estranha linguagem utilizada por Alex – soberbamente engendrada pelo autor – empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, Laranja Mecânica é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo.


Como vão vocês, meus druguis?

Vamos govoretar umas slovos sobre este livro muito horrorshow intitulado Laranja Mecânica?

Prometo ser bem skorre! :)


Laranja Mecânica é aquele tipo de livro que cumpre o que promete. Distopia escrita em 1962, retrata uma sociedade futurística com um governo autoritário. Mais de 50 anos depois, percebemos que a obra ainda é atual.

Dos três livros mencionados na sinopse (1984, Admirável Mundo Novo e o próprio Laranja Mecânica), considerados a “trindade clássica distópica”, só li este, mas estou muito animada para ler os outros dois. Espero o mesmo tipo de reflexão que encontrei nesta obra.

Anthony Burgess foi equivocadamente diagnosticado com um tumor cerebral e, para manter o sustento de sua esposa após sua morte, passou a escrever várias obras. Sua produção intelectual intensificou-se nos anos 60, época em que foi concebido Laranja Mecânica.

Para iniciar a discussão sobre o conteúdo da obra em si, reproduzo aqui a frase de abertura da edição que tenho em mãos (informações no fim do texto):

“PASTOR: Desejara que não houvesse idade entre dezesseis e vinte e três anos, ou que a mocidade dormisse todo esse tempo, que só é ocupado em deixar com filhos as raparigas, aborrecer os velhos, roubar e provocar brigas.
- Shakespeare, Conto de Inverno, Ato III, Cena 3.”


No livro, Alex e seus amigos Tosko, Pete e Georgie saem pelas noites londrinas provocando o terror: roubam, espancam, estupram, enfim, causam um verdadeiro caos. Eles não são os únicos, obviamente. A sociedade, naqueles tempos, está passando por uma verdadeira onda de ‘ultraviolência’ provocada pelos jovens.

Eis que, numa noite, um fato acontece e direciona a história para outros caminhos. Com a promessa de “curar” a violência, o Governo propõe um método tanto agressivo quanto duvidoso.

Cito abaixo alguns trechos que mais me marcaram durante a leitura:

“(...) Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si?” (p. 156)

“ – Eles sempre vão longe demais – ele disse, secando um prato meio distraído. – mas a intenção essencial é o verdadeiro pecado. Um homem que não pode escolher deixa de ser um homem.” (p. 233, grifo meu)


Acredito que a questão da liberdade de escolha é o ponto central da obra de Burgess. Quando somos condicionados a fazer determinada coisa, ou seja, quando somos impedidos de agir por nossa própria vontade, perdemos a nossa humanidade. Nos tornamos máquinas. Uma laranja mecânica. Quem tem o direito de interferir desta maneira em nossas vidas? O bem e o mal (conceitos complexos e relativos) está dentro de cada um de nós, mas são as nossas escolhas que nos definem. Ter o bem imposto a si garante que você realmente é uma pessoa boa?

Embora as atitudes de Alex e de seus amigos sejam absolutamente condenáveis, fiquei muito agoniada ao ver a forma como nosso Humilde Narrador foi tratado pela polícia e pelo Governo. Cheguei a ficar muito revoltada. =/

A escrita de Burgess é absolutamente sensacional. Ele trata de assuntos polêmicos com muita naturalidade e, além disso, fez com que Alex tivesse carisma, apesar de todas as atitudes cruéis que ele teve ao longo do livro. Me senti muito chateada comigo mesma por nutrir sentimentos bons em relação a ele (me julguem =/). Minha justificativa: provocar tais sentimentos contraditórios são méritos de um mestre na arte de escrever.

A linguagem utilizada no livro – nadsat (tipicamente adolescente) – pode prejudicar um pouco a leitura no início, uma vez que você precisa recorrer ao glossário a todo o momento. Aos poucos, entretanto, você vai se familiarizando com as palavras e, quando percebe, já está até pensando em nadsat (sou exagerada, confesso!).

Lembro-me de ter questionado qual o sentido de criar novas palavras para compor o livro, mas ao me aproximar do final da leitura, compreendi que essa particularidade linguística era justamente uma das coisas que mais me fariam sentir saudades da obra. Combinou com o cenário e com o protagonista. Foi marcante.

Eu até poderia fazer um breve comentário sobre o final do livro, mas tenho a impressão de que já soltei alguns spoilers por aí... Não vou correr o risco! Hehe...

Só digo que todo mundo deveria ler Laranja Mecânica.

Espero que 1984 e Admirável Mundo Novo sejam tão bons quanto...


Obs.: Ainda não vi o filme e não sei se verei tão cedo. Gostei tanto do livro que quero apreciá-lo por mais tempo antes de transformá-lo numa experiência visual...


Informações gerais
Título da obra: Laranja Mecânica
Autor: Anthony Burgess
Ano da edição lida: 2012 (edição comemorativa dos 50 anos da obra)
Editora: Aleph (diva!)
Páginas: 352
Classificação no Skoob: ✯✯✯✯✯

Abraços e até a próxima!

domingo, 7 de setembro de 2014

Resenha | Do universo à jabuticaba, de Rubem Alves

Sinopse:

Rubem Alves está de volta. Um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2009, neste novo livro o autor reúne suas reflexões sobre os mais diversos assuntos como infância, amor, sexo, velhice e morte.

São textos curtos e irreverentes que discutem temas tão cotidianos quanto polêmicos no mesmo ritmo que garantiu o sucesso de Ostra feliz não faz pérola, sua coletânea anterior.


Comemorar o 07 de Setembro em grande estilo é falar de autor nacional, né? ♥ ♥ ♥


Só digo uma coisa: se você ainda não leu nenhuma obra do Rubem Alves, não perca mais tempo... Leia JÁ!

Sinto-me um pouco envergonhada (um pouco nada, sinto-me MUITO envergonhada, na verdade) por só ter lido algo deste autor após sua morte. Rubem Alves escrevia com leveza e sabedoria. No meu caso, foi praticamente impossível não me identificar com sua forma de pensar sobre o ‘universo e a jabuticaba’, ou seja, sobre as coisas mais complexas e sobre as coisas corriqueiras. Quase selecionei o livro inteiro, de tantas passagens interessantes que encontrei.

Deixo aqui, para reflexão, alguns dos trechos que mais fizeram sentido para mim. Infelizmente, não conseguirei deixar o número da página em que a citação se encontra, pois li o e-book. Vamos conferir?


“Desconfio muito dos que, ao falar de educação, falam logo na falta de verbas. A maior pobreza da educação não se encontra na escassez dos recursos econômicos. Ela se encontra na pobreza da imaginação.”

Faltam mesmo recursos econômicos ou eles são mal gerenciados? Este não é, entretanto, o ponto desta citação. As pessoas, muitas vezes, justificam seu estado ‘letárgico’ e a sua pobreza de imaginação com base na alegação de que ‘faltam recursos’. Entendo que o autor quis provocar o leitor, no intuito de fazê-lo sair de sua zona de conforto e buscar algumas soluções para a Educação dentro de si mesmo.


“Quem acumula muito saber só prova um ponto: que é um idiota de memória boa.”

“Há pessoas que não esquecem nada: memória perfeita. Geralmente esse fenômeno se observa em idiotas.”

Duas citações bem parecidas, eu sei. Neste caso, acredito que o objeto de sua atenção seja os pseudointelectuais, aqueles famosos chatos que sabem nada sobre tudo. Conhecem alguém assim? Enfim, não adianta nada “acumular saber” se você não sabe o que fazer com ele (além de se achar o mais inteligente de todos, claro). É preciso senso crítico, poder de argumentação, saber separar o que é verdade do que é mentira, respeitar a opinião do outro etc. Ser sábio é muito (mas muito, mesmo!) mais do que acumular saber e ter boa memória (será que um sábio tem boa memória?).


“As pessoas que falam muito de Deus são asmáticos espirituais. Estão sempre com medo de que Ele lhes falte.”

Quem aqui tem um amigo ou parente que SÓ fala de Deus? A cada passo que essa pessoa dá, cita uma referência bíblica. Ei, você aí! É, você mesmo que só fala de Deus! Colega, tu não tens noção de como isso é chato! Vamos falar de livros, música, política, paisagens aleatórias, esportes etc. Religião/Espiritualidade é um tema bem bacana, mas existem outros assuntos tão interessantes quanto por aí...


“Só fale se sua fala for melhorar o silêncio.”
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FINISH THEM!
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GAME OVER!
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Preciso comentar esta frase? Rubem Alves é um mestre! Tenho muitas outras citações guardadas, mas deixarei para comentar em outra oportunidade.

Recomendo muito fortemente a leitura deste livro. Como já sinalizei anteriormente, há textos sobre assuntos bem amplos (universo) e sobre assuntos do dia-a-dia (jabuticaba), portanto, se você não se identificar com a forma de pensar do autor, vai pelo menos se identificar com as situações que ele retrata.



Já li também O futebol levado a riso, que é um livro bem menor, que trata exclusivamente sobre futebol (oh, como sou óbvia! Haha...). É muito interessante observar a forma como ele vê o torcedor/a torcida...

“O torcedor não tem porquês. Ele torce porque torce... Torcedores são seres apaixonados. Por sua paixão eles gritam, choram, brigam, matam, morrem do coração. A ponto de as torcidas com frequência se tornarem hordas assassinas.”

“Torcedores são apaixonados puros que jamais trocam de time, ainda que seu time esteja em último lugar na classificação.”

“(...) ninguém assiste ao futebol para ter experiências estéticas. Quem quer ter experiências estéticas vai ao teatro. A gente assiste ao futebol para a indescritível felicidade de ferrar o adversário, de fazê-lo sofrer. Pois você há de concordar: um gol, que é a felicidade para quem faz, é dor para quem leva. A excitação do futebol existe na dialética entre o gozo e o sofimento.”

Me desculpem por não indicar a página em que estas citações se encontram mas, novamente, li o e-book. Me identifiquei bastante com o tema, pois amo futebol e me considero uma torcedora esporadicamente fanática (isso fez algum sentido?).


Ah, eu já disse que Rubem Alves praticamente chamou o Maradona de ridículo? Segue a citação memorável:

“(...) o genial Maradona tratou-se de imortalizar-se por meio do ridículo. O ridículo é inesquecível.”
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FATALITY!
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Rubem Alves é muito amor e ponto final! ♥

Não vejo a hora de ler mais livros do autor!


Informações gerais
Título da obra: Do universo à jabuticaba
Autor: Rubem Alves
Ano da edição lida: 2010
Editora: Planeta
Páginas: 255 (livro físico)
Classificação no Skoob: ✯✯✯✯

Título da obra: O futebol levado a riso
Autor: Rubem Alves
Ano da edição lida: 2006
Editora: Verus
Páginas: 69 (livro físico)
Classificação no Skoob: ✯✯✯(3,5 é mais justo)

Abraços e até a próxima!