Sinopse:
Narrada pelo protagonista, o
adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade
futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma
resposta igualmente agressiva de um governo totalitário.
A estranha linguagem utilizada
por Alex – soberbamente engendrada pelo autor – empresta uma dimensão quase
lírica ao texto. Ao lado de 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo
Novo, de Aldous Huxley, Laranja
Mecânica é um dos ícones literários da
alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria
para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua
leitura, você jamais será o mesmo.
Como vão vocês,
meus druguis?
Vamos govoretar umas slovos sobre este livro muito horrorshow intitulado Laranja Mecânica?
Prometo ser bem skorre! :)
Laranja Mecânica
é aquele tipo de livro que cumpre o que promete. Distopia escrita em 1962,
retrata uma sociedade futurística com um governo autoritário. Mais de 50 anos
depois, percebemos que a obra ainda é atual.
Dos
três livros mencionados na sinopse (1984,
Admirável Mundo Novo e o próprio Laranja Mecânica), considerados a
“trindade clássica distópica”, só li este, mas estou muito animada para ler os
outros dois. Espero o mesmo tipo de reflexão que encontrei nesta obra.
Anthony
Burgess foi equivocadamente diagnosticado com um tumor cerebral e, para manter
o sustento de sua esposa após sua morte, passou a escrever várias obras. Sua
produção intelectual intensificou-se nos anos 60, época em que foi concebido Laranja Mecânica.
Para
iniciar a discussão sobre o conteúdo da obra em si, reproduzo aqui a frase de
abertura da edição que tenho em mãos (informações no fim do texto):
“PASTOR: Desejara que não houvesse idade entre dezesseis e vinte e três anos, ou que a mocidade dormisse todo esse tempo, que só é ocupado em deixar com filhos as raparigas, aborrecer os velhos, roubar e provocar brigas.- Shakespeare, Conto de Inverno, Ato III, Cena 3.”
No
livro, Alex e seus amigos Tosko, Pete e Georgie saem pelas noites londrinas
provocando o terror: roubam, espancam, estupram, enfim, causam um verdadeiro
caos. Eles não são os únicos, obviamente. A sociedade, naqueles tempos, está passando
por uma verdadeira onda de ‘ultraviolência’ provocada pelos jovens.
Eis
que, numa noite, um fato acontece e direciona a história para outros caminhos.
Com a promessa de “curar” a violência, o Governo propõe um método tanto
agressivo quanto duvidoso.
Cito
abaixo alguns trechos que mais me marcaram durante a leitura:
“(...) Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si?” (p. 156)“ – Eles sempre vão longe demais – ele disse, secando um prato meio distraído. – mas a intenção essencial é o verdadeiro pecado. Um homem que não pode escolher deixa de ser um homem.” (p. 233, grifo meu)
Acredito
que a questão da liberdade de escolha é o ponto central da obra de Burgess.
Quando somos condicionados a fazer determinada coisa, ou seja, quando somos
impedidos de agir por nossa própria vontade, perdemos a nossa humanidade. Nos
tornamos máquinas. Uma laranja mecânica. Quem tem o direito de interferir desta
maneira em nossas vidas? O bem e o mal (conceitos complexos e relativos) está dentro de cada um de nós, mas são as nossas escolhas que nos
definem. Ter o bem imposto a si garante que você realmente é uma pessoa boa?
Embora
as atitudes de Alex e de seus amigos sejam absolutamente condenáveis, fiquei
muito agoniada ao ver a forma como nosso Humilde Narrador foi tratado pela
polícia e pelo Governo. Cheguei a ficar muito revoltada. =/
A
escrita de Burgess é absolutamente sensacional. Ele trata de assuntos polêmicos
com muita naturalidade e, além disso, fez com que Alex tivesse carisma, apesar
de todas as atitudes cruéis que ele teve ao longo do livro. Me senti muito
chateada comigo mesma por nutrir sentimentos bons em relação a ele (me
julguem =/). Minha justificativa: provocar tais sentimentos contraditórios são
méritos de um mestre na arte de escrever.
A
linguagem utilizada no livro – nadsat (tipicamente adolescente) – pode
prejudicar um pouco a leitura no início, uma vez que você precisa recorrer ao
glossário a todo o momento. Aos poucos, entretanto, você vai se familiarizando
com as palavras e, quando percebe, já está até pensando em nadsat (sou
exagerada, confesso!).
Lembro-me
de ter questionado qual o sentido de criar novas palavras para compor o livro,
mas ao me aproximar do final da leitura, compreendi que essa particularidade
linguística era justamente uma das coisas que mais me fariam sentir saudades da
obra. Combinou com o cenário e com o protagonista. Foi marcante.
Eu
até poderia fazer um breve comentário sobre o final do livro, mas tenho a
impressão de que já soltei alguns spoilers por aí... Não vou correr o risco! Hehe...
Só
digo que todo mundo deveria ler Laranja
Mecânica.
Espero
que 1984 e Admirável Mundo Novo sejam tão bons quanto...
Obs.:
Ainda não vi o filme e não sei se verei tão cedo. Gostei tanto do livro que
quero apreciá-lo por mais tempo antes de transformá-lo numa experiência
visual...
Informações gerais
Título da obra:
Laranja Mecânica
Autor:
Anthony Burgess
Ano da edição lida:
2012 (edição comemorativa dos 50 anos da obra)
Editora:
Aleph (diva!)
Páginas:
352
Classificação no Skoob:
✯✯✯✯✯
Abraços
e até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário