sábado, 6 de setembro de 2014

Resenha | A Terra dos Vampiros, de John Marks

Sinopse:

Como produtora do famoso programa de televisão A Hora, Evangeline Harker é enviada para a Transilvânia, onde deve fazer contato com Ion Torgu, um conhecido e temido chefe do crime organizado do Leste europeu. Personagem obscuro, ninguém nunca conseguiu entrevistá-lo ou mesmo vê-lo.

Evangeline enfrenta sozinha a viagem até o distante ponto de encontro. E não demora para descobrir que a natureza das atividades de Ion Torgu é muito mais monstruosa do que qualquer coisa que sua jovem mente de jornalista jamais imaginara. O fato de que seu chefe não conseguiria a tal matéria era a menor das suas preocupações. Evangeline precisava sair viva daquelas montanhas.

Enquanto enfrenta o desconhecido, seu desaparecimento causa tumulto no escritório em Nova York e uma onda de culpa e recriminação. Até que se descobre que Evangeline está viva num convento nas montanhas da Transilvânia, mas perdeu a memória.

Enquanto isso, muitos fatos estranhos ocorrem. Afinal, o que são aquelas caixas que foram enviadas da Romênia para Nova York? E por que o sistema do programa parece ter sido contaminado por um vírus que inseriu uma espécie de sussurro nas gravações, um sussurro que soa como uma cantilena de nomes de lugares?

A Terra dos Vampiros é, ao mesmo tempo, uma história de vampiros assustadora que segue a melhor tradição do gênero e uma crítica mordaz ao sistema de vida contemporâneo.


Inicio este texto com a seguinte frase: É uma cilada, Bino!

Sinceramente, não faz muito sentido (para mim) publicar um texto criticando determinado livro, mas minha decepção com esta obra foi tão grande, que decidi passar por cima dos meus “princípios” e compartilhar minha situação com vocês.

Eu havia adquirido este livro em julho de 2010, principalmente por causa do nome e da capa (me julguem!). Mas eu também havia me interessado pela sinopse que, como puderam perceber, é bem intrigante. Garanto que ela é melhor do que o livro. No entanto, ao me decepcionar um pouco com Crepúsculo (não acho este livro tãããão ruim, mas vampiro que brilha é meio estranho), resolvi deixar os vampiros em paz.

Eis que, neste ano, resolvi finalmente ler Drácula (*__*) e, OMG!, que livro sensacional! Fiquei tão empolgada que resolvi dar uma chance ao A Terra dos Vampiros, uma vez que está escrito (por Mitch Cullin) na quarta capa que esta obra é “Uma inesquecível reimaginação do Drácula para o século 21.” SQN! Bram Stoker e seu Drácula devem estar se revirando no túmulo até agora.

O fato é que o livro começa muito bem, mas depois desanda de um jeito quase insuportável. Só terminei a leitura porque tive esperanças de que o final fosse absolutamente surpreendente (o que não aconteceu, óbvio!). As descrições dos lugares são bem sombrias e conferem um ar de mistério e perigo muito interessante. Em alguns pontos, cheguei a ficar realmente ansiosa e angustiada. A Romênia/Transilvânia nunca me pareceu tão intrigante (nem mesmo em Drácula).

O maior problema do livro, ao meu ver, está na construção e caracterização dos personagens. Criei empatia com pouquíssimos personagens, todos secundários. Evangeline Harker me dava nos nervos com suas condutas duvidosas e pensamentos egoístas e preconceituosos. Clementine Spence é uma incógnita para mim, sei lá, não entendi muito bem qual era o propósito dela neste livro. Ion Torgu era extremamente nojento e asqueroso e passou bem longe do Conde Drácula.

Confesso que ainda não sei qual era a natureza das atividades de Ion Torgu. Ele colecionava destroços de objetos e lugares, sussurrava nomes de lugares, era mal cheiroso, enfim, não dá pra ler confortavelmente um livro com um antagonista assim. Pode até ser que a intenção do autor realmente tenha sido causar esse estranhamento e repulsa, mas achei que comprometeu a história. Sem contar que ele (Torgu) promoveu uma “lavagem cerebral” coletiva, causando problemas inimagináveis. Crueldade gratuita define. Não fez sentido. Não consegui captar a essência do problema.

Outra coisa que me incomodou bastante foi o excesso de blablabá totalmente inútil. Clemmentine Spence e Evangeline Harker eram as campeãs das falas desnecessárias. Sem contar que toda hora elas ficavam magoadas e irritadas entre si e você nem fazia ideia do motivo. Durante quase todo o livro, a narradora é justamente Harker. Como ‘não fui com a cara dela’, ficou difícil gostar da história. Ficar durante quase toda a obra na cabeça de uma pessoa que é extremamente contraditória e que não pensa nada de relevante é extremamente torturante.

O livro possui, sim, partes interessantes, como os trechos que cito abaixo:


“(...)
– É verdade, mas ainda assim. Alguns lugares simplesmente têm essa atmosfera, entende?
– Como o quê?
– Como se tivessem se tornado a latrina das espécies. Como se toda a nossa merda acabasse sobre a vida de outras pessoas.” (p. 30)


“ – Horror – disse ele. – Está nos olhos do observador, é claro. Mas eu vejo. Vejo com certeza. Ainda assim, discordamos apenas superficialmente. Para você, o horror deve ser um prenúncio de medo. Para mim, é puramente dor. Para mim, horror é verdade, e verdade é beleza. Temos, portanto, o mesmo impulso, manifestado de diferentes maneiras.” (p. 72)


"(...) O enorme peso do conhecimento que ele detém destruiria a maioria das pessoas. O conhecimento é uma corrosão física que só pode ser aliviada com derramamento de sangue. Os indivíduos não foram feitos para saber tanto assim.” (p. 346)


Não estou dizendo que concordo ou discordo das frases acima, mas acredito que elas nos fazem refletir sobre a nossa vida como um todo. Sobre o que fazemos, pensamos, sobre a forma como nossas ações refletem, sim, em outras pessoas, mesmo que não tenhamos consciência disso. Talvez o meu problema com Evangeline Harker tenha sido justamente esse: no meu modo de ver as coisas, ela era extremamente egoísta e ignorante. Essa combinação é sempre um desastre.


Resumindo: muito “mistério” para pouco ou nenhum esclarecimento.
Reafirmo: a sinopse é melhor do que o livro em si.
Sugestão: leiam Drácula e passem bem longe de A Terra dos Vampiros.


Informações gerais
Título da obra: A Terra dos Vampiros
Autor: John Marks
Ano da edição lida: 2008
Editora: Planeta
Páginas: 416
Classificação no Skoob: ✯✯✯✯✯ (1,5 seria mais justo)

Abraços e até a próxima!

Um comentário:

  1. O livro começa bem legal ,interessante,mas depôs desanda começa a ficar bem confuso

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