segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Resenha | Jurassic Park, de Michael Crichton


SINOPSE
Uma impressionante técnica de recuperação e clonagem de DNA de seres pré-históricos foi descoberta. Finalmente, uma das maiores fantasias da mente humana, algo que parecia impossível, tornou-se realidade. Agora, criaturas extintas há eras podem ser vistas de perto, para o fascínio e o encantamento do público. Até que algo sai do controle. Em Jurassic Park, escrito em 1990 por Michael Crichton, questões de bioética e a teoria do caos funcionam como pano de fundo para uma trama de aventura e luta pela sobrevivência. O livro inspirou o filme homônimo de 1993, dirigido por Steven Spielberg, uma das maiores bilheterias do cinema de todos os tempos.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

[...] a história da evolução é de que a vida escapa a todas as barreiras. A vida se liberta. A vida se expande para novos territórios. Dolorosamente, talvez até perigosamente. Mas a vida encontra um jeito. (p.213)

Quem já se aventurou pelas minhas postagens mais antigas, deve ter se deparado em algum momento com a resenha de O Parque dos Dinossauros. Sempre fui muito fã dos filmes, especialmente do primeiro, e quando descobri que ele tinha sido baseado num livro, fui correndo atrás de um exemplar. Na época (em 2013) ele estava super esgotado e consegui o meu na Estante Virtual: uma edição bem conservada de 1996. Li assim que chegou e corri fazer a resenha. Com o lançamento dessa nova edição, em 2015 (belíssima, por sinal), e também de sua continuação - O Mundo Perdido, em 2016, ambos pela Aleph, eu soube que era hora de uma releitura (e de uma nova resenha).

Na trama, a InGen, uma empresa de engenharia genética estadunidense, descobriu como clonar dinossauros a partir de insetos fossilizados. O objetivo da organização era criar um parque temático com esses animais - Jurassic Park -, na Isla Nublar, Costa Rica. Uma equipe é chamada para avaliar o local, principalmente depois que certos acidentes acontecem. Dentre os integrantes da equipe estão Alan Grant, paleontólogo; Ellie Sattler, paleobotânica e Ian Malcolm, matemático. Obviamente as coisas dão muito errado nessa inspeção e todos precisam lutar para sair vivos da ilha.

Quando assisti pela primeira vez ao filme, lembro de ter ficado bem impressionada, mas nada superou o impacto que o Tiranossauro Rex causou em mim. No livro eu não esperava esse tipo de emoção, mas confesso que me surpreendi positivamente. Desta vez não foi só o Rex que me marcou: foi a inteligência dos velociraptores, os mecanismos engenhosos de defesa/ataque dos dilofossauros, o territorialismo dos pterodáctilos, a graciosidade dos apatossauros, a fofura do estegossauro (sim, eu acho que eles são fofinhos) e muito mais. O mundo que Michael Crichton criou é sensacional!

O que mais me interessou no livro, entretanto, foi a discussão sobre bioengenharia e teoria do caos. Minhas partes favoritas eram quando Ian Malcolm teorizava sobre o assunto. O fato é que não podemos controlar tudo, seria muita pretensão nossa achar que sim, portanto, seria coerente pensar que não conseguiríamos controlar um parque com seres pré-históricos/extintos há milhões de anos dos quais não sabemos quase nada. Eu tinha vontade de defenestrar o livro toda vez que John Hammond, dono da InGen, insistia que aquilo tinha sido uma boa ideia. Segue um trecho muito bacana que provoca reflexões (é grande, mas vale a pena):

Eu vou lhe dizer qual é o problema com engenheiros e cientistas. Cientistas têm uma linha elaborada sobre como eles estão buscando conhecer a verdade sobre a natureza. O que realmente acontece, mas não é o que os motiva. Ninguém é motivado por abstrações como "buscar a verdade". Os cientistas estão, na realidade, preocupados com realizações. Então, estão concentrados em descobrir se podem fazer alguma coisa. Eles nunca param para se perguntar se eles deveriam fazer alguma coisa. Convenientemente, eles definem essas considerações como inúteis. Se eles não fizerem, outra pessoa fará. A descoberta, acreditam eles, é inevitável. Assim, eles apenas tentam alcançá-la antes. Esse é o jogo na ciência. Até a pura descoberta científica é um ato agressivo, penetrante. Requer grandes equipamentos e literalmente muda o mundo que vem depois. Aceleradores de partícula marcam a terra e deixam subprodutos radioativos. Astronautas deixam lixo na Lua. Sempre existe alguma prova de que os cientistas estiveram lá, fazendo suas descobertas. A descoberta é sempre um estupro do mundo natural. Sempre. Os cientistas querem que as coisas sejam assim. Eles têm que enfiar seus instrumentos. Eles têm que deixar a sua marca. Não podem simplesmente observar. Não podem simplesmente apreciar. Eles não podem simplesmente se encaixar na ordem natural. Têm que fazer algo não natural acontecer. Esse é o trabalho do cientista, e agora temos sociedades inteiras que tentam ser científicas. (p.366-367)

Eu já tinha dito, em 2013, que esse tinha sido o melhor livro que li naquele ano e posso assegurar que foi um dos melhores que li em 2016. Com certeza entrou do rol de melhores livros da vida. Recomendo demais a leitura!

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Jurassic Park
Autor(a): Michael Crichton
Ano da edição lida: 2015
Editora: Aleph
Páginas: 528
Classificação: ✯✯✯✯✯

Nenhum comentário:

Postar um comentário