segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Resenha | Sob a redoma, de Stephen King

SINOPSE
Era um dia como outro qualquer em Chester's Mill, no Maine. Subitamente, a cidade é isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é esta barreira, de onde ela veio e quando - ou se - ela irá desaparecer.
Dale Barbara, veterano da guerra do Iraque, se une a um grupo de moradores da cidade para manter a situação sob controle. A força de oposição é representada por Big Jim Rennie, um político que está disposto a tudo - até matar - para continuar no poder, e seu filho, que guarda a sete chaves um horrível segredo.
Mas essa não é a única preocupação dos habitantes. O isolamento expõe os medos e as ambições de cada um, até os sentimentos mais reprimidos. Assim, enquanto correm contra o pouco tempo que têm para descobrir a origem da redoma e uma forma de desfazê-la, ainda terão de combater a crueldade humana em sua forma mais primitiva. Sob a redoma é um thriller arrebatador e uma inquietante reflexão sobre nossa própria potencialidade para o bem e o mal.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


- A Constituição foi cancelada em Mill - disse Junior, sem a mínima ideia de que era uma profecia. (p.178)

- A natureza humana pode ser destrutiva. Me diz, você acha que uma cidade é como um corpo?
- Acho - disse Julia instantaneamente.
- Será que ela diz que sente dor pra que o cérebro receba a droga que quer?
Julia pensou e fez que sim.
- Acho.
- E nesse momento Big Jim Rennie é o cérebro da cidade, não é?
- É, querida. Eu diria que é. (p.736) 

Sob a redoma foi o primeiro livro do Stephen King que li na vida (desonra!!!) e também foi minha primeira leitura de 2017. Comecei minhas aventuras literárias com o pé direito, mas profundamente arrependida por ter demorado tanto para ler essa obra: foram mais de três anos enrolando! :( Sem mais delongas, vamos à resenha:

A trama começa com a descrição de mais um dia normal em Chester's Mill, até que um campo de força misterioso cai nas fronteiras da cidade, isolando-a do resto do mundo. Acidentes gravíssimos acontecem no momento da queda e até mesmo depois, provocando várias mortes e, na "melhor" das hipóteses, sérios ferimentos. Ninguém entra, ninguém sai. Não se sabe de onde essa redoma veio, do que é feita, quando vai sumir ou quem ou o quê a causou. A população, a princípio, fica meio letárgica, desorientada, sem saber muito bem quais as consequências de tal fenômeno, e certas pessoas farão de tudo para manipulá-la.

De um lado temos Big Jim Rennie, segundo vereador, que pretende usar a redoma para tomar o poder e transformar Chester's Mill em uma ditadura de dar inveja. Se unem a ele seu filho, Junior Rennie, e muitos outros comparsas (seja por ignorância, mau caratismo ou medo). Do outro lado temos Dale Barbara, um veterano de guerra do Iraque, Julia Shumway, proprietária do jornal local, e vários outros moradores que se juntam para tentar manter tudo sob controle.

Embora o livro tenha 960 páginas, ele não é cansativo e nem prolixo. King descreve os acontecimentos com tanta maestria que você se sente parte da história, parece que você está realmente vendo o que está acontecendo. Um dos méritos do autor foi ter trabalhado com tantos personagens sem se perder no meio deles. Quando vi a lista de pessoas que estavam presentes no Dia da Redoma (foi como ficou conhecido o dia em que a redoma caiu), levei um susto: tinha muuuuita gente listada e ainda nem eram todas. Mas no fim quase nem consultei a lista: o autor conseguiu dar a devida atenção a cada um dos personagens e trabalhá-los de forma organizada.

O foco da trama, inclusive, nem é a redoma, mas sim o efeito que ela causa nas pessoas. O pânico torna os moradores muito mais suscetíveis a acreditar em qualquer baboseira, mesmo que elas não façam o menor sentido numa análise mais apurada. Além disso, a sensação de impunidade por estar isolado do resto do mundo faz com que o ser humano desperte o seu lado mais sombrio e malévolo. Os antagonistas desse livro me fizeram sentir um ódio visceral, eu tinha vontade de dar na cara dessa gente ridícula (peguei leve para não chocar vocês :/).

A narração tem um ritmo eletrizante; embora toda a história se passe em apenas uma semana, muitas coisas acontecem em um único dia. Tem muita ação, crueldade, carnificina. É um livro que, com certeza, não vai deixar o leitor entediado. Além de tudo isso, ainda nos passa, mesmo que discretamente, uma mensagem de consciência ambiental: Chester's Mill, em menos de uma semana, já começava a sentir os efeitos da poluição, principalmente dos carros, já que o ar não circulava muito bem entre o lado interno e externo da redoma. Em se tratando de planeta Terra, não existe "lado de fora", portanto, um dia teremos que pagar o preço por nossa 'irresponsabilidade ambiental'.

A única coisa que me deixou chateada foi o final. Eu já tinha lido muita gente criticando os finais que o autor costuma dar para seus livros, mas eu não imaginava que esse, especificamente, fosse tão sem noção. É claro que isso NÃO tira o mérito do livro, que é absolutamente sensacional, e também não vai me impedir de dar nota máxima para ele, mas que foi decepcionante, ah, isso foi! :(

E pra finalizar, por favor, gente, leiam esse livro! Com certeza ele me convenceu a ler muitas outras obras do autor.

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Sob a redoma
Autor(a): Stephen King
Ano da edição lida: 2012
Editora: Suma de Letras
Páginas: 960
Classificação: ✯✯✯✯✯

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

TOP 5 | Livros de terror que quero ler em 2017

Olá, pessoal!

Seguindo a ideia de listar obras que quero ler em 2017, de acordo com características específicas, trago para vocês os cinco livros de terror que pretendo ler esse ano (os livros do Stephen King que listei AQUI e que se enquadram nessa categoria, não foram contabilizados):

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬



O EXORCISTA,
de William Peter Blatty


[Sinopse] Um enredo inquietante e tenso: investigações se sucedem em crescente suspense. Um fenômeno que provoca vergonha, nojo e pavor nas pessoas. Médicos, padres e policiais assistem, impotentes, à posse e à destruição de uma criança inocente. Baseado em casos verídicos e em considerações da própria Igreja Católica, este livro polêmico permaneceu mais de um ano nas listas de best sellers dos Estados Unidos.














EVANGELHO DE SANGUE,
de Clive Barker 


[Sinopse] Evangelho de Sangue é o sombrio, sangrento e brutal épico do terror, narrado pelo mestre inquestionável do gênero. O livro oferece uma junção clara dentro do universo de Barker. Os leitores mais atentos já perceberam que as histórias dele se passam em um mesmo universo, mas, agora, o mundo de Hellraiser é explicitamente unido ao do detetive Harry D’Amour – que aparece em outras histórias do autor, como o conto “The Last Illusion”, presente no sexto volume dos Livros de Sangue, e no romance Everville.
D’Amour, que se dedica a investigar casos sobrenaturais, mágicos e malignos, vem encarando seus demônios pessoais há anos. Quando ele se depara com uma Caixa das Lamentações, seus demônios internos são substituídos por demônios de verdade, conforme ele se vê enredado em um terrível jogo de gato e rato, absolutamente complexo, sangrento e perturbador. Evangelho de Sangue reconduz os leitores ao tempo marcado por dois de seus mais icônicos personagens, que conduzem a história em uma batalha entre o bem e o mal tão antiga quanto o tempo, onde o autor conecta a mitologia de Hellraiser ao Inferno bíblico.




A COR QUE CAIU DO ESPAÇO,
de H. P. Lovecraft 


[Sinopse] A cor que caiu do espaço (1927) marca o primeiro passo decisivo de Lovecraft em direção ao horror cósmico inspirado pela ficção científica. Na história, um vilarejo a oeste de Arkham vê-se ameaçado quando um meteoro cai na propriedade de um fazendeiro local e traz consigo uma estranha aberração cromática que afeta a flora e a fauna da região --- e cria o cinzento e estéril “descampado maldito” onde nada cresce. O volume traz ainda em apêndice os textos “Notas sobre uma não entidade” (1933), o mais longo relato autobiográfico escrito por Lovecraft, “A confissão de um cético” (1922), breve ensaio em que o autor traça a evolução dos próprios interesses religiosos, científicos e filosóficos ao longo da vida, e “Notas sobre ficção interplanetária” (1934), artigo em que defende as possibilidades artísticas da ficção científica e ataca os clichês deste gênero.







FRANKENSTEIN,
de Mary Shelley


[Sinopse] Neste clássico da literatura ocidental, o suspense percorre todo o romance, do início ao fim. Inebriado por uma sociedade cientificista e encantado com a alquimia medieval, um estudante decide criar um ser humano. Quando, porém, ele dá o sopro de vida à criatura, é tomado de horror e foge, abandonando sua invenção. Com uma personalidade a um só tempo dócil e cruel, forjada numa existência solitária no mundo, o monstro decide ir atrás de seu criador. Mas é novamente rejeitado e, amargurado pelo modo odioso com que é tratado pelas pessoas, inicia a mais cruel das vinganças, que desencadeia uma dupla perseguição e um inevitável fim trágico.










O MÉDICO E O MONSTRO,
de Robert Louis Stevenson


[Sinopse] Dr. Jekyll é um renomado médico em Londres. Homem de posses, consegue conciliar seu trabalho diário com seus experimentos científicos, através dos quais busca realizar um desejo secreto. Sua determinação se baseia em uma única convicção: "O homem não é verdadeiramente um ser, mas dois." Enfim, dr. Jekyll cria uma poção que o permite liberar seu lado mais vil. Na personalidade de Mr. Hyde, as atitudes mais violentas são tomadas, deixando para o médico a integridade dos bons atos. Mas um desfecho surpreendente põe em xeque a aparente liberdade e controle do médico.









▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Quando essa postagem for ao ar, muito provavelmente já terei terminado a leitura de O Exorcista. Em breve teremos resenha por aqui.

A cor que caiu do espaço será, na realidade, uma releitura. Eu o li em 2013, mas senti que não dei a atenção que ele merecia. Em 2017 será diferente! ;)

Espero que tenham gostado, pessoal! Sintam-se à vontade para me indicar livros de terror nos comentários.

Até a próxima!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Resenha | Echo Park, de Michael Connelly


SINOPSE
Echo Park é o décimo segundo romance em que Michael Connelly apresenta Harry Bosch, um detetive experiente, obcecado pelos crimes que investiga. Desta vez, Harry é assombrado por um fantasma. Um fantasma que o perturba há treze anos.
Em 1993, ele investiga o desaparecimento da jovem Marie Gesto, que, após ser vista indo ao supermercado, nunca mais foi encontrada. Como vestígio, apenas seu carro com algumas de suas roupas e compras dentro. Por mais que tenha lutado para descobrir seu paradeiro, Harry não conseguiu concluir a investigação, que passou a figurar na lista da delegacia de Casos Abertos / Não Resolvidos. Agora o detetive veterano vislumbra a chance de poder, finalmente, desvendar o mistério que o martirizou por tanto tempo.
Raynard Waits é um homem acusado de matar e esquartejar duas pessoas, mas existem suspeitas de que ele também tenha cometido outros nove assassinatos. Entre eles, o de Marie Gesto. Mas ele pretende propor um acordo à Justiça para escapar da pena de morte. Em troca da atenuação de sua pena, o réu mostraria onde estão os corpos das nove pessoas desaparecidas e assassinadas por ele.
A partir daí, Harry Bosch terá que enfrentar inúmeros desafios, um após o outro. Precisará estar próximo do homem que talvez seja o culpado por tantos anos de agonia e dúvidas, provavelmente o inimigo mais sádico e perigoso que tenha encontrado em toda sua vida. E ainda terá que conviver com a culpa por ter ignorado uma pista que poderia ter concluído o caso ainda em 1993, evitando a série de assassinatos que se seguiu.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


- A pequena raposa espera - disse Bosch. A jovem raposa espera. O trapaceiro espera.

Embora Echo Park seja o décimo segundo livro com o detetive Harry Bosch, este foi o primeiro que li. Como o caso apresentado tem começo, meio e fim, não senti falta dos livros anteriores, exceto por alguns detalhes da vida pessoal de Bosch, mas nada que atrapalhasse a leitura.

Na trama, o policial da seção de Casos Abertos/Não Resolvidos tem a possibilidade de resolver um caso que o atormenta há anos: o assassinato de Marie Gesto, cujos restos mortais nunca foram encontrados, apenas seu carro com suas roupas meticulosamente dobradas. E como se dá essa resolução? O suposto assassino, pego com a boca na botija num caso de esquartejamento duplo, resolve confessar alguns crimes para atenuar sua pena - de pena de morte para prisão perpétua -, e dentre eles consta o assassinato de Marie Gesto. O psicopata propõe, inclusive, levá-los ao local de desova do corpo. Mas o caso não é tão simples quanto parece e Harry Bosch se verá no meio de uma conspiração para tirá-lo da jogada.

Li esse livro em novembro de 2016 e lembro que gostei bastante. Mas refletindo sobre ele agora, justamente para escrever esta resenha, percebi que é uma obra que não tem nada demais (isso não é necessariamente ruim, pelo menos na minha opinião). O protagonista é muito impulsivo (nas horas mais impróprias) e, no final, tem uma atitude de caráter meio duvidoso, mas mesmo assim eu gostei dele. O mistério é envolvente e tem bastante ação, como todo livro policial que se preze deve ter. Os capítulos não terminam de forma arrasadora, mas mesmo assim bate aquela curiosidade para saber o que vai acontecer em seguida. Isso se deve ao fato de que a narração é muito fluida, não tem tanta enrolação.

Apesar de não ser um super hiper mega ultra power livro policial, ele é bom (e pra mim isso já é o suficiente, uma vez que amo histórias desse tipo). Gostei bastante da leitura, mas não sei se foi o suficiente para querer ler outros livros do autor. Caso você já tenha lido algum outro trabalho de Michael Connelly e gostado, por favor, me deixe uma indicação nos comentários :)

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Echo Park
Autor(a): Michael Connelly
Ano da edição lida: 2010
Editora: Objetiva (Ponto de Leitura)
Páginas: 469
Classificação: ✯✯✯

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Resenha | Jurassic Park, de Michael Crichton


SINOPSE
Uma impressionante técnica de recuperação e clonagem de DNA de seres pré-históricos foi descoberta. Finalmente, uma das maiores fantasias da mente humana, algo que parecia impossível, tornou-se realidade. Agora, criaturas extintas há eras podem ser vistas de perto, para o fascínio e o encantamento do público. Até que algo sai do controle. Em Jurassic Park, escrito em 1990 por Michael Crichton, questões de bioética e a teoria do caos funcionam como pano de fundo para uma trama de aventura e luta pela sobrevivência. O livro inspirou o filme homônimo de 1993, dirigido por Steven Spielberg, uma das maiores bilheterias do cinema de todos os tempos.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

[...] a história da evolução é de que a vida escapa a todas as barreiras. A vida se liberta. A vida se expande para novos territórios. Dolorosamente, talvez até perigosamente. Mas a vida encontra um jeito. (p.213)

Quem já se aventurou pelas minhas postagens mais antigas, deve ter se deparado em algum momento com a resenha de O Parque dos Dinossauros. Sempre fui muito fã dos filmes, especialmente do primeiro, e quando descobri que ele tinha sido baseado num livro, fui correndo atrás de um exemplar. Na época (em 2013) ele estava super esgotado e consegui o meu na Estante Virtual: uma edição bem conservada de 1996. Li assim que chegou e corri fazer a resenha. Com o lançamento dessa nova edição, em 2015 (belíssima, por sinal), e também de sua continuação - O Mundo Perdido, em 2016, ambos pela Aleph, eu soube que era hora de uma releitura (e de uma nova resenha).

Na trama, a InGen, uma empresa de engenharia genética estadunidense, descobriu como clonar dinossauros a partir de insetos fossilizados. O objetivo da organização era criar um parque temático com esses animais - Jurassic Park -, na Isla Nublar, Costa Rica. Uma equipe é chamada para avaliar o local, principalmente depois que certos acidentes acontecem. Dentre os integrantes da equipe estão Alan Grant, paleontólogo; Ellie Sattler, paleobotânica e Ian Malcolm, matemático. Obviamente as coisas dão muito errado nessa inspeção e todos precisam lutar para sair vivos da ilha.

Quando assisti pela primeira vez ao filme, lembro de ter ficado bem impressionada, mas nada superou o impacto que o Tiranossauro Rex causou em mim. No livro eu não esperava esse tipo de emoção, mas confesso que me surpreendi positivamente. Desta vez não foi só o Rex que me marcou: foi a inteligência dos velociraptores, os mecanismos engenhosos de defesa/ataque dos dilofossauros, o territorialismo dos pterodáctilos, a graciosidade dos apatossauros, a fofura do estegossauro (sim, eu acho que eles são fofinhos) e muito mais. O mundo que Michael Crichton criou é sensacional!

O que mais me interessou no livro, entretanto, foi a discussão sobre bioengenharia e teoria do caos. Minhas partes favoritas eram quando Ian Malcolm teorizava sobre o assunto. O fato é que não podemos controlar tudo, seria muita pretensão nossa achar que sim, portanto, seria coerente pensar que não conseguiríamos controlar um parque com seres pré-históricos/extintos há milhões de anos dos quais não sabemos quase nada. Eu tinha vontade de defenestrar o livro toda vez que John Hammond, dono da InGen, insistia que aquilo tinha sido uma boa ideia. Segue um trecho muito bacana que provoca reflexões (é grande, mas vale a pena):

Eu vou lhe dizer qual é o problema com engenheiros e cientistas. Cientistas têm uma linha elaborada sobre como eles estão buscando conhecer a verdade sobre a natureza. O que realmente acontece, mas não é o que os motiva. Ninguém é motivado por abstrações como "buscar a verdade". Os cientistas estão, na realidade, preocupados com realizações. Então, estão concentrados em descobrir se podem fazer alguma coisa. Eles nunca param para se perguntar se eles deveriam fazer alguma coisa. Convenientemente, eles definem essas considerações como inúteis. Se eles não fizerem, outra pessoa fará. A descoberta, acreditam eles, é inevitável. Assim, eles apenas tentam alcançá-la antes. Esse é o jogo na ciência. Até a pura descoberta científica é um ato agressivo, penetrante. Requer grandes equipamentos e literalmente muda o mundo que vem depois. Aceleradores de partícula marcam a terra e deixam subprodutos radioativos. Astronautas deixam lixo na Lua. Sempre existe alguma prova de que os cientistas estiveram lá, fazendo suas descobertas. A descoberta é sempre um estupro do mundo natural. Sempre. Os cientistas querem que as coisas sejam assim. Eles têm que enfiar seus instrumentos. Eles têm que deixar a sua marca. Não podem simplesmente observar. Não podem simplesmente apreciar. Eles não podem simplesmente se encaixar na ordem natural. Têm que fazer algo não natural acontecer. Esse é o trabalho do cientista, e agora temos sociedades inteiras que tentam ser científicas. (p.366-367)

Eu já tinha dito, em 2013, que esse tinha sido o melhor livro que li naquele ano e posso assegurar que foi um dos melhores que li em 2016. Com certeza entrou do rol de melhores livros da vida. Recomendo demais a leitura!

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Jurassic Park
Autor(a): Michael Crichton
Ano da edição lida: 2015
Editora: Aleph
Páginas: 528
Classificação: ✯✯✯✯✯

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

TAG| Obsessão por livros

De acordo com o Google, você pode achar esta imagem AQUI.

Olá, pessoal!
Tudo bem com vocês?

Procurando TAGs para responder aqui no blog, me deparei com a Obsessão por livros, que vi no blog Livreando. São perguntas bem simples e interessantes, espero que gostem!

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

1. Você tem obsessão em comprar livros?
Com certeza. Tenho vários livros não lidos na minha estante, mas sempre fico de olho nos lançamentos das editoras (e sempre tem muita novidade que me agrada). Mas, felizmente, não tenho colocado tanto essa obsessão em prática, faz muito tempo que não "surto" em compras de livros.


2. Quando, onde e quantas vezes você compra livros? Vai sozinho ou acompanhado?
Sempre prefiro comprar livros pela internet, pois os descontos são mais interessantes (gosto bastante da Amazon). Quando vou a uma livraria física, sempre estou acompanhada (meu esposo e minha mãe adoram livros tanto quanto eu). Perto de onde moro só tem Livraria Nobel e, de vez em quando, consigo entrar em uma Fnac. Não estipulo uma frequência para comprar livros; quando vejo que tem alguma promoção muito interessante de livros que estou buscando, eu compro. Caso contrário, espero.

3. Qual o aspecto que te atrai em um livro? Tem algum gênero que você sempre procura?
Sempre analiso, num primeiro momento, capa e título. Se me agradarem, eu leio a sinopse, e só então compro o livro. Se eu estiver fazendo a compra pela internet, sempre dou uma olhada em algumas resenhas primeiro. Prefiro romance policial, suspense e terror, mas leio de tudo um pouco.

4. Prefere livro novos, usados ou a mistura de ambos?
Prefiro livros novos, mas não rejeito um livro usado em boas condições (principalmente se o preço estiver imperdível).

5. Quanto você está disposto a gastar com livro por mês?
Até R$100 acho razoável, mas quase sempre gasto mais do que isso. Ainda bem que tenho reduzido cada vez mais minhas compras de livros!

6. Alguma vez você já se obrigou a parar de comprar livros?
Não exatamente. Eu soube que precisava reduzir minhas compras quando me deparei com livros não lidos na minha estante que já não me interessavam mais. Agora coloco os livros desejados em uma lista e deixo lá por um tempo; se mesmo assim eles ainda me interessarem, eu compro. Se não, tiro de lá e esqueço o assunto. Isso não se configura numa obrigação, né? :) Considero mais como um hábito saudável!

7. Quanto tempo você demora para ler os livros recém comprados?
Ultimamente, como tenho comprado somente os livros que quero muito, eles ficam apenas algumas semanas na estante. Compras mais antigas (quando eu ainda não tinha muito autocontrole) já estão esperando há uns bons meses/anos.

8. Você prefere comprar muitos livros curtos e caros ou livros grandes e baratos?
Prefiro comprar livros que sejam do meu agrado, independente do tamanho e do preço (mas é claro que sempre preferimos que eles estejam baratos).

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Então é isso, pessoal, espero que tenham gostado! :)

Se vocês souberem de mais alguma TAG interessante, sintam-se à vontade para me deixar uma sugestão nos comentários.

Até a próxima!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Resenha | A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells


SINOPSE
Eles vieram do espaço. Eles vieram de Marte. Com tripés biomecânicos gigantes, querem conquistar a Terra e manter os humanos como escravos. Nenhuma tecnologia terrestre parece ser capaz de conter a expansão do terror pelo planeta. É o começo da guerra mais importante da história. Como a humanidade poderá resistir à investida de um potencial bélico tão superior?
Publicado pela primeira vez em 1898, A Guerra dos Mundos aterrorizou e divertiu muitas gerações de leitores. Esta edição especial contém as ilustrações originais criadas em 1906 por Henrique Alvim Corrêa, brasileiro radicado na Bélgica. Conta também com um prefácio escrito por Braulio Tavares, uma introdução de Brian Aldiss, membro da H. G. Wells Society, e uma entrevista com H. G. Wells e o famoso cineasta Orson Welles, responsável pelo sucesso radiofônico de A Guerra dos Mundos em 1938. Esta pode ser considerada a edição definitiva para fãs de Wells.

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Os marcianos somos nós, amanhã, quando a atmosfera do nosso planeta finalmente estiver irrespirável, quando tivermos esgotado todos os lençóis de água potável, quando o desequilíbrio entre as espécies animais e vegetais tiver precipitado sua extinção. Será a nossa vez de olhar em torno à procura de um ecossistema habitável. Certamente vamos fazê-lo um dia com os mesmos "intelectos vastos, frios e insensíveis" que Wells nos apresenta na página inicial do romance.
- Braulio Tavares (Prefácio, p.14-15)

Meu primeiro contato com o enredo de A Guerra dos Mundos foi através do filme de 2005 (Guerra dos Mundos), dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Cruise e Dakota Fanning. Para ser bem sincera, já não lembro de quase nada desse filme, mas sei que gostei bastante. Na época eu nem sabia que tinha sido baseado num livro (na verdade, só fiquei sabendo da existência dele no ano passado, graças a essa edição lindíssima da Suma de Letras). Por ter memória curta, não saberei comparar livro e filme, portanto, a partir do próximo parágrafo só falarei da obra literária.

Na trama, os marcianos chegam à Terra através de cilindros metálicos (nos arredores de Londres). Os humanos veem esses objetos caindo na superfície do planeta, mas nem fazem ideia do que se trata. Quando descobrem que são alienígenas, preparam um comitê de boas vindas, mas os visitantes não querem nem saber. Não estão aqui a passeio. Conhecedores avançados de tecnologia, os marcianos vieram armados com enormes tripés biomecânicos e armas de raios de calor e saem destruindo tudo o que cruzam seu caminho.

O objetivo fica claro: querem destruir os humanos e colonizar a Terra. A situação em Marte ficou bem complicada (atmosfera irrespirável, escassez de recursos etc.), portanto, estão em busca de um outro local no qual seu povo pode ficar a salvo. Nada do que os terráqueos tentam fazer para detê-los parece funcionar, sendo assim, A Guerra dos Mundos já parece ter o seu vencedor.

O livro é narrado por um homem que estava presente durante quase todos os acontecimentos, mas não sabemos o seu nome. Isso deixa a trama bem interessante, pois da forma como ela foi construída e narrada, esse homem poderia ser qualquer um de nós. A descrição do ambiente, principalmente quando ele está ficando parecido com Marte, é bem sombria; foi uma das partes que mais gostei da história.

Em alguns momentos, a narração ficou bem maçante, mas nada que comprometa o livro. H. G. Wells foi bem visionário ao descrever a tecnologia dos marcianos; está claro que ele estava bem à frente do seu tempo. Para quem gosta de ficção científica, esta é praticamente uma leitura obrigatória.

Uma coisa que me chamou a atenção na obra foi o paralelo entre a destruição causada pelos marcianos aos humanos e a destruição que nós mesmos infringimos a outras espécies. Destaco o seguinte trecho:

Mas, antes de os julgarmos com muita severidade, lembremos a destruição cruel e completa que nossa própria espécie impôs não só a animais, como os extintos bisões e dodôs, mas a suas próprias raças menores. Os tasmanianos, apesar da aparência humana, foram inteiramente dizimados numa guerra de extermínio promovida por imigrantes europeus no espaço de cinquenta anos. Será que somos realmente apóstolos da tolerância para nos queixarmos, quando os marcianos nos combateram com a mesma mentalidade? (p.47-48)

Fica aí a reflexão, baseada na citação de Braulio Tavares destacada no início da resenha: se a Terra, futuramente, estiver com atmosfera irrespirável, escassez de recursos e um terrível desequilíbrio em nosso ecossistema, não nos comportaríamos como os marcianos em busca de um local seguro? Já não nos comportamos assim a troco de muito menos?

Recomendo muito a leitura!

Caso conheça mais livros sobre ficção científica, sinta-se à vontade para deixar indicações nos comentários.

Algumas ilustrações do livro, lindíssimas.

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: A Guerra dos Mundos
Autor(a): H. G. Wells
Ano da edição lida: 2016
Editora: Suma de Letras
Páginas: 296
Classificação: ✯✯✯

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Resenha | Confissões do Crematório, de Caitlin Doughty



SINOPSE
Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto.
Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores.
O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Os seres humanos não são os favoritos da natureza. Somos apenas um de uma variedade de espécies nas quais a natureza exerce sua força de forma indiscriminada.
(frase de Camille Paglia, p.143)

Assim que esse livro chegou em casa, no último dia de novembro (Black Friday, sua linda!), resolvi lê-lo imediatamente! Não sei se foi a premissa, o título instigante ou a capa maravilhosa (ou a combinação das três coisas), mas algo me dizia que essa seria uma das melhores leituras que eu poderia fazer em 2016. E eu estava completamente certa!

Confissões do Crematório é um livro para quem planeja morrer um dia (tá na capa), mas mesmo que você não planeje nada, isso vai acontecer de qualquer jeito. Resumindo: é um livro para todos nós! A autora nos conta sua experiência como funcionária da "indústria da morte", primeiro como operadora de fornos crematórios e depois como motorista de van para transporte de corpos (além de barbeadora de cadáveres, maquiadora e o que mais precisar fazer). Enquanto relata o dia a dia de uma agência funerária, lança mão de fatos históricos, filosóficos e mitológicos para exemplificar como diferentes sociedades/culturas entendem a morte. As críticas ao modo como nós tentamos de todas as formas esconder os efeitos da morte - e a própria morte - através do embalsamamento, maquiagem etc., ao invés de naturalizá-los, me deram no que pensar.

A maioria das pessoas evita falar sobre morte, sentem relutância em tocar nesse assunto. É compreensível, pois tentam escondê-la de nós desde crianças. A autora conta a história de um peixinho que morreu quando ela era pequena, mas que imediatamente foi substituído por um igual pelo seu pai, para que ela não percebesse o que tinha acontecido. Casos como esse devem acontecer com frequência; quando a pessoa é finalmente exposta à morte, o baque é muito grande e o que resulta disso é trauma, medo e por aí vai. As intenções por trás de toda essa proteção são as melhores possíveis (eu acho) mas, no fim, isso não resolve muita coisa.

Eu ainda não sei lidar muito bem com a morte, de vez em quando tenho uns surtos e fico pensando que cada dia que acordo é um a menos na minha vida. Pensar dessa forma não é nem um pouco produtivo e, principalmente, saudável, mas ler esse livro já me ajudou bastante. A ideia dele não é banalizar a morte, e sim naturalizá-la. Aprender a lidar com ela nos dá a possibilidade de aproveitar muito mais a nossa vida, os nossos preciosos dias.

Caitlin Doughty escreve sobre esse tema com leveza e humor, o que torna a leitura muito fluida e tranquila. Passei bons momentos lendo esse livro, recomendo muito!

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Confissões do Crematório
Autor(a): Caitlin Doughty
Ano da edição lida: 2016
Editora: DarkSide Books
Páginas: 260
Classificação: ✯✯✯✯✯

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Book Haul | Dezembro de 2016

Olá, pessoal!
Tudo bem com vocês?

Hoje trago um breve resumo sobre os livros que ganhei de Natal dos meus familiares (para o bem do meu bolso, não comprei nada em dezembro! hehe). Ao todo foram quatro livros, que são:

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


LUGAR NENHUM,
de Neil Gaiman


[Sinopse] Publicado pela primeira vez em 1997, a partir do roteiro para uma série de TV, o sombrio e hipnótico Lugar Nenhum, primeiro romance de Neil Gaiman, anunciou a chegada de um grande nome da literatura contemporânea e se tornou um marco da fantasia urbana. Ao longo dos anos, diferentes versões foram publicadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, e Neil Gaiman elaborou, a partir desse material, um texto que viesse a ser definitivo: esta edição preferida do autor.
Em Lugar Nenhum, Richard Mayhew é um homem simples de coração bom que tem a vida transformada quando ajuda uma jovem que encontra ferida numa calçada. De um dia para o outro, Richard se torna invisível na Londres que sempre conheceu: não tem mais trabalho, não tem mais noiva, não tem mais casa. Para recuperar sua vida, ele se embrenha em um mundo que nunca sonhou existir, uma cidade que se abre nos esgotos e nos túneis subterrâneos: a chamada Londres de Baixo, em que personagens únicos e cenários mirabolantes fazem a Londres de Cima parecer uma mera paisagem cinza.
Com muita ação, um bom humor peculiar e evocações sombrias de um mundo fantástico, Lugar Nenhum é leitura indispensável para os fãs de Neil Gaiman e um rico prazer para os que ainda não conhecem o autor.



O MORCEGO,
de Jo Nesbø


[Sinopse] Do submundo de Sydney às lendas aborígenes, Jo Nesbø conduz o leitor por uma trama violenta e eletrizante, no primeiro grande caso de Harry Hole. O corpo de uma jovem norueguesa é encontrado em um rochedo no fundo de um penhasco. O caso intriga a polícia: a vítima apresenta sinais de estrangulamento e suspeita-se de violência sexual, mas não há qualquer vestígio de DNA ou impressão digital do criminoso. Para colaborar com as investigações, a Divisão de Homicídios da Noruega envia o inspetor Harry Hole à cidade. Junto com o policial Andrew Kensington, Harry se depara com um caso mais complexo do que imagina: o que inicialmente parecia ser um crime isolado é apenas mais um em uma série de assassinatos cometidos por todo o país, sem qualquer relação aparente entre si. Um serial killer está à solta na cidade e, para Harry, a caçada começou.






BARATAS,
de Jo Nesbø


[Sinopse] O detetive Harry Hole chega à abafada Bangcoc. Sua missão: evitar um escândalo. O embaixador norueguês foi encontrado morto em um hotel barato, e aparentemente a família dele está escondendo algo importante. Harry, além de preservar o sigilo das investigações, percorre bares, templos budistas e casas de ópio em busca das peças desse quebra-cabeça, mas aparentemente ninguém quer saber de fato o que aconteceu. Quando o detetive põe as mãos em um vídeo bombástico de circuito interno de TV, as coisas se complicam. O homem que lhe entrega a fita desaparece e outro diplomata é apunhalado. O policial logo descobre que grandes políticos podem ter segredos aterradores, e, à medida que se aproxima da verdade, aumenta o risco de ele se tornar a próxima vítima.







OS CONDENADOS,
de Andrew Pyper


[Sinopse] Danny Orchard conseguiu enganar a morte e ganhou uma segunda chance para viver. Só que ele não voltou do inferno sozinho. Em Os Condenados, Andrew Pyper explora as conexões de amor e ódio entre irmãos gêmeos, numa história sobrenatural digna de pesadelos.
Danny passou por uma experiência de quase-morte em um incêndio há mais de vinte anos. Sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve a mesma sorte. Danny conseguiu transformar sua tragédia pessoal em um livro que se tornaria um grande best-seller. Ainda que isso não signifique que ele tenha conseguido superar a morte da irmã. Claro, ela nunca mais o deixaria em paz.
Mesmo depois de morta, Ash continua sendo uma garota vingativa e egoísta, como sempre. Mas agora que seu irmão finalmente tenta levar uma vida normal, ela se torna cada vez mais possessiva. Danny parece condenado à solidão. Qualquer chance de felicidade é destruída pelo fantasma de seu passado, e se aproximar de outras pessoas significa colocá-las em risco.


▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Esses livros estavam na minha lista de desejados, portanto, foram presentes muito mais do que acertados. Pretendo lê-los ainda em 2017. =)

Para ler resenhas de outros livros do Neil Gaiman, clique AQUI.
Para ler a resenha de Boneco de Neve, de Jo Nesbø, clique AQUI.
Para ler a resenha de O demonologista, de Andrew Pyper, clique AQUI.

Até a próxima, pessoal!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Resenha | Caixa de pássaros, de Josh Malerman



SINOPSE
Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de passáros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


[...] é melhor enfrentar a loucura com um plano do que ficar parado e deixar que ela nos alcance aos poucos. (cap. 43)

Caixa de pássaros conta a história de Malorie, sobrevivente em um mundo no qual não é mais possível abrir os olhos. De uma hora para outra, pessoas começam a enlouquecer, cometer atos bárbaros e, instantes depois, se suicidam. Especulações apontam que os surtos são precedidos por uma estranha visão, mas ninguém sabe se é visão de algo ou de alguém. No decorrer da leitura veremos que se referem a isso como criaturas, mas quem quer que as tenham visto, nunca sobreviveram para contar a verdadeira história. No começo, muitos são céticos, mas aos poucos, o pânico se torna generalizado.

A narração se dá em duas etapas, que são alternadas no decorrer do livro. No tempo presente, acompanhamos a jornada de Malorie e de seus dois filhos em busca de um lugar e de um futuro melhores. No tempo passado, acompanhamos desde os primeiros eventos misteriosos até o momento em que Malorie, "sozinha no mundo (e grávida)", responde a um anúncio de moradia e passa a dividir uma casa na companhia de outras pessoas na mesma situação que ela. Boa parte da trama de desenrola nesse cenário.

Para sobreviver nesse mundo maluco, as pessoas só podem sair na rua de olhos vendados; não podem, em hipótese alguma, abrir os olhos. Para ficar dentro de casa sem a venda e em segurança, é preciso vedar todas as portas, janelas e qualquer outra abertura que possibilite uma visão externa. As descrições dos momentos em que os moradores precisam sair da casa para buscar água são muito angustiantes, principalmente porque, sem a visão, a audição fica muito mais aguçada e qualquer barulho é motivo para preocupação. Eu ficava grudada no livro nessas passagens, desesperada para que todos voltassem em segurança.

Na minha opinião, o autor soube construir uma atmosfera sensacional: tensa, agoniante, desesperadora e incerta. Era impossível não me colocar no lugar dos sobreviventes e imaginar o que eu faria no lugar deles (provavelmente eu ficaria jogada pelos cantos, chorando, desesperada e totalmente sem esperanças, porque sou dessas). A leitura de algumas partes se tornou arrastada e maçante em alguns pontos (principalmente as partes em que Malorie está fugindo), mas nada que tire o mérito do livro; mesmo porque, eu devorei as outras páginas, mal vi o tempo passar.

Ainda não sei o que pensar sobre o final, mesmo tendo encerrado a leitura há algum tempinho. Quando terminei, fiquei com a sensação de que estava faltando alguma coisa, pois o autor deixou o final aberto e não nos deu explicações (as visões eram de criaturas? quem são? de onde vieram? por que vieram? etc.). Por outro lado, suponho que explicações demais talvez pudessem ter acabado com a graça da história. Enfim, não há nada que nós, preciosos leitores, possamos fazer em relação a isso. Mas mesmo assim, a obra continua sendo muito boa. Adorei e recomendo a leitura!

Caso conheçam livros no mesmo estilo, sintam-se à vontade para me deixar recomendações nos comentários. Vou adorar conhecer livros novos! :)

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Caixa de pássaros
Autor(a): Josh Malerman
Ano da edição lida: 2015 
Editora: Intrínseca
Páginas: 272
Classificação: ✯✯✯✯

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Resenha | Amityville, de Jay Anson


SINOPSE
No dia 13 de novembro de 1974, a polícia do condado de Suffolk foi surpreendida por um crime brutal que chocou os EUA e se tornou assunto em todo o mundo envolvendo a pacata família Defeo. Alguns dias depois do ocorrido, Ronald Defeo Jr. admitiu ter matado seus pais e quatro irmãos com tiros nas costas, alegando ter sido influenciado por vozes que ouvia dentro de sua cabeça. O crime chocou a população, que começou a tecer teorias; algumas pessoas estranhavam o fato de que todas as vítimas foram encontradas de bruços, outras questionavam como nenhuma delas acordou com os barulhos dos tiros. Não demorou muito para a casa ser considerada mal-assombrada, virando inclusive objeto de estudo dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren.
Treze meses depois da chacina, George e Kathleen Lutz resolveram recomeçar a vida em uma nova residência que compraram por uma pechincha. Vinte e oito dias depois, os cinco membros da família fugiram aterrorizados, deixando a maior parte de seus pertences para trás. Estranhos eventos começaram a acontecer, afetando a vida dos Lutz e indicando que uma presença maligna habitava a casa. Embora tenha sido amplamente divulgada pela mídia, em especial nos jornais e nas revistas da época, muitas vezes de maneira sensacionalista, a história da casa nunca havia sido contada com riqueza de detalhes — até Jay Anson decidir reconstruí-la e transformar seu livro de não-ficção em um dos relatos paranormais mais importantes e conhecidos de todos os tempos.
Adaptada várias vezes para o cinema e contando também com diversos spin-offs, a história de Amityville hoje é amplamente conhecida e é considerada um dos mais importantes relatos sobre casas mal-assombradas da cultura popular.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Para mim, o que existe aqui, seja lá o que for, é com certeza de natureza negativa. Não tem nenhuma relação com alguém que em outras vidas caminhou na terra em forma humana. É algo que vem das entranhas da terra.
- Lorraine Warren (p.228)

Antes de pegar Amityville para ler, eu tinha ouvido algumas críticas negativas sobre ele que chegaram a me deixar um pouco preocupada, mas fico feliz que isso não tenha me impedido de realizar sua leitura. Eu simplesmente ADOREI esse livro, virou um dos meus favoritos de 2016. Vamos aos fatos:

Em busca da casa dos sonhos para sua família, George e Kathleen Lutz se deparam com a belíssima construção de número 112 da Ocean Avenue, em Amityville, cujo preço estava uma pechincha, um valor bem abaixo do mercado. Foram informados de que o imóvel havia pertencido aos DeFeo e que ali havia ocorrido, em novembro de 1974, uma terrível chacina: Ronald DeFeo Jr. assassinou a tiros seus pais e seus irmãos. Mesmo sabendo de todos os aspectos estranhos desse caso, dentre eles o fato de que todas as vítimas foram encontradas de bruços, de que ninguém ouviu os tiros e de que o assassino teria sido, supostamente, orientado por vozes em sua cabeça, os Lutz resolveram adquirir a casa e se mudaram para lá em dezembro de 1975, só para fugirem desesperados 28 dias depois, completamente aterrorizados por uma série de acontecimentos estranhos que vivenciaram no local.

Amityville é baseado em fatos reais e foi construído a partir das experiências paranormais relatadas pela família. Não vou entrar em detalhes sobre as coisas que acontecem na casa, pois posso estragar a experiência de leitura daqueles que um dia pretendem ler o livro, mas uma coisa é certa: dá medo! Não é aquele medo que você sente quando vê uma cena chocante num filme de terror - aquele susto que é jogado na sua cara, é uma sensação bem mais sutil e, no meu caso, bem eficiente. A apresentação dos fatos foi tão bem construída que me envolveu completamente na trama; quando eu menos esperava, estava assustada com qualquer barulho ao meu redor e cheguei até mesmo a ter "pesadelos" com o livro. Achei sensacional (a louca! mas eu já disse em outras postagens que sou facilmente impressionável)!

Além de nos mostrar o que acontece com os Lutz, a obra apresenta também os fatos que perturbam o padre Mancuso, amigo da família que foi chamado para abençoar a casa no primeiro dia da mudança. Após ouvir uma voz, durante o ritual de benção, que o expulsava da casa, uma série de coisas estranhas também o afligem. É perturbador.

O livro possui plantas da casa, que nos auxiliam na identificação, localização e visualização dos ambientes, especialmente aqueles mais problemáticos. Se tudo o que foi relatado é realmente verdade, não tenho ideia, mas Amityville poderia facilmente se passar por um livro de ficção (e das boas!). A narração é fluida e objetiva e a atmosfera é bem sombria. Sem dúvidas, é uma obra excelente. Recomendo muito a leitura!

Caso você conheça mais livros nesse estilo, sinta-se à vontade para me indicar nos comentários! :)

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais
Título da obra: Amityville
Autor(a): Jay Anson
Ano da edição lida: 2016 
Editora: DarkSide Books
Páginas: 240
Classificação: ✯✯✯✯✯

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Top 5 | Livros do Stephen King que quero ler em 2017

Olá, pessoal!
Tudo bem com vocês?

Hoje vamos falar de um assunto muito legal, mas que sempre é um grande motivo de frustração para mim: as METAS LITERÁRIAS!

Desde 2013 tenho estabelecido metas literárias para o ano seguinte (normalmente 12 livros), mas NUNCA consegui cumpri-las. No momento em que elaboro a lista, eu realmente estou com muita vontade de ler aquelas obras, mas no meio do caminho surgem novos lançamentos, descubro livros mais interessantes ou mais condizentes com meu momento atual e sempre deixo minhas metas para trás.

Para 2017 pensei em algo um pouco diferente (mas que também não deixa de ser uma meta): farei uma série de posts (eu acho) com uma lista de livros que gostaria muito de ler esse ano, de acordo com alguma característica específica, mas que não se configura, necessariamente, numa "obrigação". Para abrir essa série, começarei listando livros do Stephen King, já que nunca li nada dele:

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬



1. SOB A REDOMA


[Sinopse] Era um dia como outro qualquer em Chester's Mill, no Maine. Subitamente, a cidade é isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é esta barreira, de onde ela veio e quando - ou se - ela irá desaparecer.
Dale Barbara, veterano da guerra do Iraque, se une a um grupo de moradores da cidade para manter a situação sob controle. A força de oposição é representada por Big Jim Rennie, um político que está disposto a tudo - até matar - para continuar no poder, e seu filho, que guarda a sete chaves um horrível segredo.
Mas essa não é a única preocupação dos habitantes. O isolamento expõe os medos e as ambições de cada um, até os sentimentos mais reprimidos. Assim, enquanto correm contra o pouco tempo que têm para descobrir a origem da redoma e uma forma de desfazê-la, ainda terão de combater a crueldade humana em sua forma mais primitiva. Sob a redoma é um thriller arrebatador e uma inquietante reflexão sobre nossa própria potencialidade para o bem e o mal.



2. O CEMITÉRIO


[Sinopse] Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um "simitério" no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.
Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.


3. O ILUMINADO


[Sinopse] Danny Torrance não é um menino comum. É capaz de ouvir pensamentos e transportar-se no tempo. Danny é iluminado. Será uma maldição ou uma bênção? A resposta pode estar guardada na imponência assustadora do hotel Overlook.
Em O Iluminado, quando Jack Torrance consegue o emprego de zelador no velho hotel, todos os problemas da família parecem estar solucionados. Não mais o desemprego e as noites de bebedeiras. Não mais o sofrimento da esposa, Wendy. Tranquilidade e ar puro para o pequeno Danny livrar-se das convulsões que assustam a família.
Só que o Overlook não é um hotel comum. O tempo esqueceu-se de enterrar velhos ódios e de cicatrizar antigas feridas, e espíritos malignos ainda residem nos corredores. O hotel é uma chaga aberta de ressentimento e desejo de vingança. É uma sentença de morte. E somente os poderes de Danny podem fazer frente à disseminação do mal.




4. IT - A COISA


[Sinopse] Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Em It - A Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.




5. TRIPULAÇÃO DE ESQUELETOS


[Sinopse] Em Tripulação de Esqueletos, Stephen King nos guia por histórias em que o horror revela suas várias faces e nos recomenda, com suas próprias palavras: "Agarre meu braço agora. Agarre com força. Iremos a vários lugares escuros, mas acho que conheço o caminho. É só não largar meu braço”. Nesta aterrorizante coletânea de contos, Stephen King nos mostra mais uma vez por que é um dos mais aclamados escritores da atualidade. Um contador de histórias por excelência, aqui ele revela o amplo leque de suas habilidades, transitando com desenvoltura pelo pavor causado por criaturas abomináveis e por um terror psicológico de gelar o sangue. Em “O nevoeiro”, seu conto mais longo, uma misteriosa e espessa neblina se aproxima de uma cidadezinha do Maine, trazendo perigos que desafiam a razão humana. Pai e filho precisam enfrentar seus mais sombrios medos na esperança de que esse tormento tenha fim. No entanto, na insana luta por sobrevivência, os personagens perceberão que ficar na rua em meio às estranhas criaturas pode ser tão perigoso quanto ficar em um cômodo fechado com pessoas desconhecidas. Na prosa de Stephen King, os protagonistas se veem forçados a lidar com situações fantásticas em que o que está em jogo é a sanidade diante do inimaginável. Onde termina o pesadelo e começa a realidade? Até que ponto a mente humana pode suportar o terror?

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Sob a redoma já apareceu nas minhas metas literárias de 2015 e 2016 e já peguei para lê-lo umas duas vezes, mas sem sucesso. =/ Em 2017 será diferente, finalmente vou concluir essa leitura. Este é, inclusive, o livro que estou lendo no momento. Espero terminá-lo ainda em janeiro.

Quanto aos outros livros, ainda não tenho ideia de qual será o próximo ou em qual mês irei lê-los. Tudo vai depender do meu estado de espírito, hehe :)

Caso você já tenha lido algum outro livro do autor e gostado muito, sinta-se à vontade para deixar uma recomendação nos comentários.

Até a próxima, pessoal!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Resenha | A garota no trem, de Paula Hawkins


SINOPSE
Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d'água, pontes e aconchegantes casas.
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes a quem chama de Jess e Jason, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess, na verdade Megan, está desaparecida.
Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.
Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota no trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Ela está enterrada sob uma bétula, perto da velha ferrovia, seu túmulo marcado com pedras. Não mais que um montinho de pedras, pois eu não queria atrair atenção para seu lugar de descanso, mas também não podia deixá-la sem nenhum tipo de memorial. Ali ela vai dormir em paz, sem ninguém para perturbá-la, sem nenhum som além do canto dos pássaros e do ruído dos trens que passam.

A garota no trem é um thriller psicológico narrado sob três diferentes pontos de vista: de Rachel, Megan e Anna.

Rachel pega, todos os dias pela manhã, um trem que vai para Londres. Durante o trajeto, ela observa tudo à sua volta, especialmente uma casa da rua Blenheim Road, de número 15, na qual mora um jovem casal. Como o trem sempre faz uma parada nesse mesmo local, ela tem tempo de sobra para criar muitas histórias sobre os dois, os quais ela apelida de Jess (que na verdade é Megan) e Jason (que é Scott). Vocês podem imaginar que essa obsessão é fruto de puro tédio, mas na realidade, Rachel já morou nessa mesma rua há algum tempo, numa casa bem próxima à de Megan e Scott, com seu ex-marido, numa época feliz de sua vida. Atualmente, ela é uma alcoólatra inveterada e seu ex-marido continua morando na mesma casa, só que com outra esposa, a Anna.

Num certo dia, Rachel presencia uma cena muito esquisita na casa de Megan. Dias depois, descobre que a moça está desaparecida. Pior: no dia do desaparecimento, Rachel estava nas redondezas completamente bêbada, acorda no dia seguinte toda machucada e não se lembra de absolutamente nada. Mesmo assim, procura a polícia e conta o pouco que sabe. Óbvio que ela é considerada uma testemunha pouco confiável, mas mesmo assim, se envolve cada vez mais nesse drama.

Uma coisa que você, caro leitor, precisa saber antes de se aventurar nesta leitura é que a maior parte da obra é narrada pela Rachel que, como já disse, é uma alcoólatra. Portanto, não esperem uma personagem carismática, centrada, bem resolvida etc. A narração dela é tensa e, por vezes, muito irritante, mas não vejo como isso poderia ser diferente, afinal de contas, estamos na cabeça de uma pessoa bêbada. Enquanto eu lia essas partes, só conseguia sentir pena dela, muita angústia e esperança de que um dia tudo pudesse melhorar.

Aliás, Megan e Anna, as outras narradoras, também não são personagens agradáveis, assim como todos os outros que surgem na trama. Mesmo com tantos indivíduos sem carisma, gostei muito do livro. O mistério é de fácil resolução e não foge do clichê, mas fiquei grudada em cada página, devorando um capítulo atrás do outro. Talvez o que tenha me atraído neste livro tenha sido justamente essa face "real" dos personagens, com defeitos, com pensamentos complexos, vivendo dias ruins e por aí vai.

A garota no trem não é um livro espetacular, mas tem lá os seus méritos. Gostei muito da experiência de leitura e o recomendo a todos que gostam de thriller psicológico.

Se você tem mais algum livro no mesmo estilo para me indicar, sintam-se à vontade para deixar os nomes nos comentários. :)

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais

Título da obra: A garota no trem
Autor(a): Paula Hawkins
Ano da edição lida: 2015
Editora: Record
Páginas: 378
Classificação: ✯✯✯✯