Sinopse:
Em Nova York, o investigador de polícia Elijah Baley é escalado para investigar o assassinato de um embaixador dos Mundos Siderais.
A rede de intrigas envolve desde sociedades secretas até interesses interplanetários. Mas nada o preocupa tanto quanto o seu parceiro no caso, cuja eficiência pode tomar o seu emprego, algo cada vez mais comum.
Pois seu parceiro é um robô.
Publicado no início da década de 1950, As Cavernas de Aço é o primeiro romance da consagrada Série dos Robôs de Isaac Asimov, mesclando de forma magistral os gêneros ficção científica e literatura policial.
Nesta obra, Asimov retrata uma Terra superpopulosa e já sofrendo, de certa maneira, com escassez de recursos. Robôs estão sendo introduzidos pelos Siderais e uma parte da população perdeu seu emprego por conta disso.
A Terra dividia-se em Cidades inteiramente rodeadas por metal - cavernas de aço, literalmente -, ou seja, não permitia a entrada de luz solar e do ar livre. Os refeitórios e banheiros eram comunitários, os apartamentos eram pequenos e continham somente o essencial, e cada família, dependendo de sua classificação, tinha direito a ter certo número de filhos - um controle populacional que não funcionava muito bem, diga-se de passagem.
Cada vez mais, os vilarejos, os povoados e as "cidades" da Terra foram se acabando e foram engolidos pelas Cidades. (p.40)
Cada cidade se tornou uma unidade semiautônoma, quase autossuficiente economicamente. Ela podia cobrir-se, cercar-se por todos os lados e cavar um espaço debaixo da terra. Ela se tornou uma caverna metálica, uma enorme e independente caverna de aço e concreto.
[...]
Não havia dúvida quanto a isso: a Cidade era o apogeu do domínio do homem sobre o meio ambiente. Não era a viagem espacial nem os 50 mundos colonizados que eram agora tão arrogantemente independentes, mas sim a Cidade. (p.41)
Na Cidade de Nova York, no caso, existia também um grupo de pessoas intitulado Medievalistas, pessoas que desejavam energicamente que a vida da Terra fosse como há muito tempo: vivia-se no solo, em contato com o sol e com o ar livre. Algum desses Medievalistas eram "inofensivos", mas outros estavam dispostos a derrubar o Governo e acabar de vez com a influência dos Siderais em relação à Terra.
Nos tempos Medievais, as pessoas viviam ao ar livre. [...] Quando chovia, eles não pensavam nisso como um desperdício. Eles se alegravam com a chuva. Viviam próximos à natureza. É mais saudável, é melhor. Os problemas da vida moderna se originam do fato de vivermos afastados da natureza. (p.25)
E é nesse contexto que ocorre o assassinato de um embaixador dos Mundos Siderais, engajado em introduzir cada vez mais robôs na Terra. Suspeita-se que o crime tenha sido cometido por um terráqueo, portanto, a investigação fica sob a responsabilidade da Polícia de Nova York. A única exigência dos Siderais é que um robô-detetive acompanhe de perto todo o processo, como parceiro do investigador terráqueo.
Nosso protagonista - Elijah Baley - tinha, portanto, dois problemas: desvendar o crime e lidar com um parceiro robô deveras eficiente, que poderia muito bem tomar o seu lugar dependendo do rumo das investigações.
Meus sentimentos em relação aos robôs foram bastante conflitantes durante a leitura: comecei os odiando, passei a aceitar com ressalvas e depois passei até mesmo a gostar deles. Essa história de substituir mão de obra humana por máquinas é bem atual e ainda gera bastante polêmica. Esse embate Homem x Robô permeia todo o livro.
A questão aqui é que essa inserção dos robôs na Terra tinha um propósito até que justificável, mas se eu contar será spoiler! :)
A trama é muito bem construída e muito bem escrita. Essa mistura entre ficção científica e policial foi muito satisfatória. Baley achava que tinha encontrado o assassino, mas chegava a um beco sem saída. Pensava que havia encontrado a solução, mas outra vez estava equivocado. Essas dúvidas tornaram a história bem mais interessante. Confesso que eu tinha minhas desconfianças - certeiras - sobre o assassino, mas a confusão do detetive fez eu repensar mais de uma vez se a minha suposição estava realmente correta.
Não pude deixar de perceber também certa crítica à sociedade, tão acomodada em seus padrões atuais de subsistência que não conseguem perceber a grave e iminente crise (escassez de recursos) que se aproxima. Superpopulação é um problema que já estamos enfrentando hoje e o livro foi publicado há mais de cinquenta anos (1953/1954, mais precisamente). Não importa quanto tempo se passe, alguns assuntos jamais ficarão desatualizados.
Livro mais do que recomendado!
Estou realmente ansiosa para ler outras obras do autor!
[...] Você tem medo de que nos robôs? Se quer saber o que eu acho, é um sentimento de inferioridade. Nós, todos nós, sentimo-nos inferiores aos Siderais e odiamos isso. Precisamos nos sentir superiores de alguma forma, em algum lugar, para recompensar por essa sensação, e o que nos mata é que não conseguimos nem ao menos nos sentir superiores aos robôs. Eles parecem ser melhores do que nós... mas eles não são. E essa é a maldita ironia da situação. (p.250)
[...] Um robô [...] pode ter a aparência de um deus, e ser tão humano quanto um pedaço de madeira. Você não entende isso? (p.251)
Abraços e até a próxima!
Informações gerais
Título da obra: As Cavernas de Aço
Autor: Isaac Asimov
Ano da edição lida: 2013
Editora: Aleph
Páginas: 300
Título da obra: As Cavernas de Aço
Autor: Isaac Asimov
Ano da edição lida: 2013
Editora: Aleph
Páginas: 300
Classificação: ✯✯✯✯✯
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