Que histórias podem se esconder por trás de um simples policial aposentado ou de um educado senhor que caminha por Londres com gestos contidos? Ou, ainda, de um professor de planejamento urbano na Alemanha? O que todas essas pessoas têm em comum é a participação como personagens ou testemunhas de fatos que mudaram o mundo nas últimas décadas.
A Editora Globo lançou Dossiê História, uma série de entrevistas que o repórter Geneton Moraes Neto fez com gente que teve sua vida marcada por acontecimentos que todos conhecem, mas poucos experimentaram tão de perto. As entrevistas, apresentadas em séries de televisão no Fantástico e na Globonews chegam agora na íntegra, com riqueza de detalhes e com o estilo de escrita eletrizante do jornalismo investigativo.
(...)
Optei por não colocar a sinopse completa, pois ela revelava pontos do enredo que eu mesma gostaria de contar, portanto, vamos direto às minhas impressões de leitura...
Os principais temas abordados no livro são terrorismo e Segunda Guerra Mundial. No primeiro capítulo, Moraes Neto entrevista o jornalista que entrevistou
No segundo capítulo, o autor traça o perfil de um dos terroristas envolvidos no 11 de setembro, Mohammed Atta (o líder dos terroristas suicidas), através dos depoimentos de seu professor, de sua tradutora e de seu colega de turma da Universidade Técnica de Hamburgo. Os três demonstram incredulidade ao falar de Atta, pois o homem que conheceram era muito diferente daquilo que descobriram após o atentado terrorista. A ideia que eles tinham sobre o rapaz era outra, completamente diferente. Embora os três não se sintam pessoalmente traídos, o choque permanece lá. A pergunta é lançada: o que é que transforma estudantes em assassinos?
O terceiro capítulo traz a entrevista do militante palestino que, acidentalmente, declarou que estava disposto a explodir como homem-bomba pela causa da Palestina. Ele chama a atenção para o fato de que os EUA podem estar estimulando o que tentam combater: o terrorismo! Isso se deve, principalmente, às estratégias equivocadas que adotam para esta finalidade.
No quarto capítulo acompanhamos o depoimento do policial alemão que atuou na tentativa
No quinto capítulo conhecemos um ex-soldado nazista, aos 85 anos de idade. Nesta entrevista ele explica como, em sua juventude, foi levado a acreditar que os alemães eram superiores aos outros povos e relata brevemente como foi a invasão da Rússia pela Alemanha. Admite seus erros e expressa sua admiração pelo exército russo que, de acordo com ele, soube muito bem conduzir a situação naquela época.
O sexto capítulo traz a entrevista do filho de um carrasco nazista, conhecido como o "açougueiro da Polônia", responsável pela morte de milhares de judeus e poloneses. O filho não consegue perdoar o pai pelas atrocidades que este último cometeu. Este relato nos faz pensar no quanto algumas atitudes/ações (nossas ou de outras pessoas) podem nos marcam para sempre (negativa ou positivamente).
O sétimo capítulo traz a entrevista de uma mulher que descobriu que seu tio, tão adorado por ela, era, na realidade, um criminoso de guerra
O oitavo e último capítulo traz a entrevista com um dos repórteres responsáveis pela queda do então presidente estadunidense Richard Nixon, em 1974, ocasionada pela repercussão do Caso Watergate. Nixon estava envolvido em espionagem política. O Partido Republicano (o partido do então presidente) arquitetou o arrombamento da sede do Partido Democrata (localizada no Edifício Watergate), porém, a ação deu errado e culminou na saída do presidente do poder. Através do chamado jornalismo investigativo, os jornalistas Bernstein (o entrevistado por Moraes Neto) e Woodwart solucionaram o caso e ficaram famosíssimos por isso.
Todos os relatos são interessantíssimos. Claro que uns são mais que outros, mas todos são muito bons. Por se tratar de entrevista, a linguagem é muito simples e direta. Os assuntos selecionados são muito instigantes e é muito bom conhecer diferentes pontos de vista sobre temas que são tão debatidos e estudados, mesmo que tenham acontecido há décadas (ou há alguns anos, como é o caso do 11 de setembro).
Conforme já mencionado na sinopse, o livro foi lançado pela Editora Globo, porém, não tive sorte com a minha edição. Ela descolou inteira! Mesmo assim, valeu a pena cada segundo da leitura. É a primeira obra composta por entrevistas que leio e gostei muito da experiência. É dinâmico!
RECOMENDO O LIVRO!
Abraços e até a próxima!
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