quarta-feira, 31 de maio de 2017

Resenha | Em algum lugar nas estrelas, de Clare Vanderpool


SINOPSE
Em algum lugar nas estrelas é um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine. O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden.
Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor.
Obsessivo, Early Auden tem regras específicas sobre que músicas deve ouvir em cada dia da semana: Louis Armstrong às segundas; Sinatra às quartas; Glenn Miller às sextas; Mozart aos domingos e Billie Holiday sempre que estiver chovendo. Seu comportamento é um dos muitos indícios da síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo que só seria descoberta muito tempo depois da Segunda Guerra.
Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta, ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.
Em algum lugar nas estrelas é uma daquelas grandes histórias que permanecem com você por muito tempo, perfeita para ler entre amigos ou passar de pai para filho. Tudo que é real pode ser uma grande fantasia ou uma coincidência inevitável. Somos muito mais que um simples desejo do acaso.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Jack Baker é um garoto de 13 anos que, recentemente, perdeu sua mãe. Além disso, seu pai, capitão da Marinha, é um pouco ausente, principalmente por causa de suas obrigações profissionais, e não sabe lidar muito bem com tudo o que está acontecendo. Pai e filho reagem de maneiras bem distintas às coisas e isso gera certo conflito entre eles.

A história se passa após a Segunda Guerra Mundial, no Maine. O pai de Jack o matricula no internato Morton Hill e o garoto não está nem um pouco animado com a perspectiva. Ainda abalado com a morte da mãe e sentindo a indiferença do pai, ele até tenta se enturmar, mas as coisas não dão muito certo. Até que ele conhece Early Auden, um garoto inteligentíssimo, porém, um pouco "esquisito". E daí nasce uma grande amizade.

Early Auden não tem o hábito de frequentar as aulas e, quando o faz, desiste assim que um professor fale algo que contrarie suas opiniões. Ninguém na escola, aparentemente, se importa com isso. Jack e Early passam muito tempo juntos e se tornam grandes amigos. E é por isso que quando Early decide partir numa jornada em busca do Urso Apalache - fora da escola, atravessando riachos, florestas etc. - Jack resolve ir junto com ele, mesmo achando aquilo meio absurdo.

Essa jornada é a coisa mais fantástica que eu já li na vida!!! O livro intercala as aventuras dos meninos com a história de Pi, contada por Early para Jack. Auden é completamente obcecado pelo número Pi e consegue enxergar nele uma magnífica história. Depois de um tempo você começa a traçar paralelos entre tudo o que Pi enfrentou com os próprios desafios vivenciados pelos garotos.

Essa é uma história incrível sobre amizade, superação, autoconhecimento e aventura. Jack e Early são personagens magníficos e únicos. De um lado temos Jack, cético, reticente, um garoto que amadureceu muito cedo por conta de tudo o que sofreu. Do outro lado temos Early, inocente, inteligente, metódico e literal. Essa combinação tão improvável é uma das coisas mais adoráveis do livro. A narrativa é doce, empolgante e tocante. Sinceramente, não tem nada que eu escreva aqui que possa explicar o quanto eu AMEI essa leitura!

Por favor, pessoas, leiam esse livro se tiverem a oportunidade. Tenho (quase) certeza de que vocês não vão se arrepender.

Obs.: essa foi a resenha mais difícil que eu já fiz por aqui. Nunca imaginei que fosse tão complicado escrever sobre um livro que adorei. Espero que tenham gostado.

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais 
Título da obra: Em algum lugar nas estrelas
Autor(a): Clare Vanderpool
Ano da edição lida: 2016
Editora: DarkSide Books
Páginas: 288
Classificação: ✯✯✯✯✯

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Resenha | Eu sou a lenda, de Richard Matheson



SINOPSE
Uma impiedosa praga assola o mundo, transformando cada homem, mulher e criança do planeta em algo digno dos pesadelos mais sombrios. Nesse cenário pós-apocalíptico, tomado por criaturas da noite sedentas de sangue, Robert Neville pode ser o último homem na Terra. Ele passa seus dias em busca de comida e suprimentos, lutando para manter-se vivo (e são). Mas os infectados espreitam pelas sombras, observando até o menor de seus movimentos, à espera de qualquer passo em falso... Eu sou a lenda, é considerado um dos maiores clássicos do horror e da ficção científica, tendo sido adaptado para o cinema três vezes.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Um homem pode se acostumar com qualquer coisa, se for obrigado a isso. (posição 90)

Fazia muito tempo que eu queria ler esse livro, mas ele nunca estava no topo das minhas prioridades literárias. Isso mudou quando o e-book entrou em superhipermega promoção na Amazon e me custou uma pechincha. Não comecei a leitura imediatamente, mas a vez desta belezinha não tardou a chegar.

Na trama, Robert Neville é, aparentemente, o último homem na Terra. Uma praga assolou o mundo e quem não morreu se tornou uma espécie de vampiro. O protagonista vive praticamente trancado em sua casa, só saindo para realizar pequenos consertos em sua residência - devido às investidas dos vampiros, que a cercam durante toda a noite tentando alcançá-lo - e para conseguir materiais e alimentos.

Robert Neville, por viver tanto tempo sozinho, começa a enlouquecer e se entregar ao alcoolismo. Na tentativa de se manter são, se joga em pesquisas para descobrir o que são essas criaturas e o que provocou tudo isso. E é aí que, na minha opinião, está um dos méritos do livro: a tentativa de desmistificar os vampiros. A todo momento o autor nos dá explicações técnicas e científicas, nenhuma sobrenatural, para a existência desses seres. Foi a melhor parte do livro.

Como quase toda a história é contada a partir do ponto de vista de apenas um personagem, Robert Neville, achei a narrativa um pouco cansativa. Só não abandonei a leitura porque estava muito curiosa para saber o final e porque logo começou a parte das pesquisas e especulações mencionadas no parágrafo anterior. Ainda bem que não deixei o livro de lado, porque o final valeu totalmente a pena! A explicação para o título da obra foi completamente sensacional! Jamais me ocorreu que a história fosse terminar daquela forma, mesmo imaginando que aquela fosse a única alternativa possível.

Eu sou a lenda é um livro que fala sobre perda do amor, perda de companhia no geral, de solidão, desespero e morte. Embora a narrativa não tenha me empolgado, pois como já disse, achei-a muito cansativa em certos momentos, reconheço que é um livro muito relevante. Os textos no final dessa edição da Aleph nos ajudam a compreender um pouco mais sobre a obra e foi a partir deles que repensei minhas opiniões sobre ela. É um livro genial! Recomendo a leitura!

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais 
Título da obra: Eu sou a lenda
Autor(a): Richard Matheson
Ano da edição lida: 2015
Editora: Aleph
Páginas: 384
Classificação: ✯✯✯✯

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Lançamento | MINHA VIDA FORA DOS TRILHOS (DarkSide Books)



ÀS VEZES, PRECISAMOS DESCER DO TREM PARA SEGUIR ADIANTE

Embarque agora mesmo numa viagem que tanto pode levar você de volta à infância como ao tortuoso caminho do amadurecimento. Recomendamos sempre a companhia de um livro. Que tal Minha vida fora dos trilhos, um romance capaz de despertar o lado mais aventureiro e nostálgico que existe em você?

O que é preciso saber sobre este livro? Bem, só para abrir seu apetite literário, fique sabendo que Minha vida fora dos trilhos foi escrito por ninguém menos que Clare Vanderpool, a mesma autora do encantador e mágico Em algum lugar nas estrelas. Ambos os livros compartilham a mesma essência: personagens muito jovens, longe de seus pais, escutam o convite da estrada, e partem em jornadas pessoais, repletas de riscos, desafios e — quem sabe? — ensinamentos.

O estilo de Clare remete aos grandes clássicos como As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, ao eterno Conta Comigo, filme inspirado na obra do mestre Stephen King. E, assim como em O Mágico de Oz, o novo romance de Clare Vanderpool nos leva para algum lugar perdido do Kansas, ao lado de uma garota muito peculiar.

A protagonista de Minha vida fora dos trilhos, Abilene Tucker, tem apenas 12 anos, mas é corajosa e impetuosa o suficiente para encontrar aventuras na pequena cidade de Manifest, Kansas, um fim de mundo para onde seu pai a enviou de trem a fim de passar o verão sob a tutela de um velho conhecido enquanto ele trabalha em uma ferrovia.

O que parecia ser o período mais solitário e entediante de sua vida ganha um novo e surpreendente rumo quando Abilene encontra uma velha caixa de charutos com cartas antigas e pequenas lembranças de outros tempos. Aos olhos curiosos da menina, a caixa se torna uma verdadeira arca do tesouro, onde segredos enterrados conectam dois momentos da cidade. A partir de então, o livro se divide em duas narrativas cronológicas: passado e presente se misturam, daquela maneira mágica que só um bom livro consegue contar.

Os acontecimentos vão da época da Primeira Guerra Mundial à Grande Depressão norte-americana dos anos 1930, com soberba fidelidade histórica que ajudam a construir esta narrativa de perda e redenção. Minha vida fora dos trilhos é mais um livro da coleção DarkLove, a linha editorial da DarkSide® Books que publica exclusivamente autoras com grandes histórias para contar. Livros para morrer de amor. E, como sempre, em uma edição capaz de transportar os leitores para dentro do livro. A nossa viagem começa aqui...

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Esta sinopse foi retirada do próprio site da DarkSide Books. Para mais informações sobre esse e outros livros, acesse: http://www.darksidebooks.com.br/.

O lançamento de Minha vida fora dos trilhos está previsto para o dia 29 de maio.

Eu já li Em algum lugar nas estrelas e gostei muito do livro (em breve terá resenha por aqui). Foi uma das histórias mais bonitas e emocionantes que já li nos últimos tempos, portanto, minha expectativa para esse lançamento está lá nas alturas! kkkkkk

Até a próxima, pessoal!

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Resenha | O Morcego, de Jo Nesbø


SINOPSE
Inger Holter, uma jovem norueguesa de 23 anos, é encontrada morta no fundo de um penhasco. Ao que tudo indica, foi estuprada e estrangulada; um crime brutal que intriga a polícia de Sydney. Enviado à Austrália pela Divisão de Homicídios de Oslo para ajudar nas investigações, Harry Hole recebe instruções para se manter apenas como observador. Mas ele acaba descobrindo que, o que antes parecia ser um crime isolado, é mais um dos assassinatos em série cometidos por todo o país, sem qualquer relação aparente entre si. Um serial killer está à solta pela cidade. Para Harry Hole, a caçada começou.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Conheci o trabalho de Jo Nesbø através do livro Boneco de Neve, que é o sétimo com o detetive Harry Hole. Nesse livro, obviamente, muitos aspectos da personalidade e do passado do investigador já foram explicados em livros anteriores. O Morcego, por outro lado, é o primeiro livro com esse personagem, portanto, é uma obra introdutória.

Na trama, Harry Hole é enviado a Sydney, Austrália, pela Divisão de Homicídios de Oslo, para auxiliar nas investigações sobre o assassinato de Inger Holter, uma jovem norueguesa, encontrada no fundo de um penhasco com sinais de estupro e estrangulamento. A princípio, ele deveria se manter apenas como observador, mas à medida em que as pistas vão surgindo, ele mergulha cada vez mais na história com a certeza de que o assassino está mais próximo do que se imagina.

O criminoso é um serial killer, pois vários assassinatos semelhantes (estupro + estrangulamento) são levantados pela polícia australiana. Talvez por eu já ter lido muitos livros com assassinos em série reais, achei essa ligação entre os crimes meio forçada, mas nada que prejudique o suspense do livro. O mais interessante nesta obra é que as pistas vão surgindo gradativamente, sempre levantando suspeitas sobre um ou outro personagem, e assim vamos acompanhando passo a passo as investigações.

Como afirmei no início da resenha, este é um livro que introduz o detetive Harry Hole ao público, portanto, não é incomum termos contato com seu passado, principalmente com os motivos que o levaram ao alcoolismo. Embora essa seja uma parte muito importante para a construção do personagem, achei que alguns trechos ficaram cansativos e até mesmo entediantes. Talvez por isso o crime não tenha sido mais explorado, o que é uma pena, pois o drama era interessantíssimo. A coisa fica realmente boa no final, pois aí entra a perseguição ao serial killer e tudo acontece num ritmo frenético.

Talvez por conta dessa parte introdutória, os crimes e o assassino ficaram muito aquém de seu outro livro, Boneco de Neve, que possui um criminoso muito mais sádico e crimes bem mais elaborados. Mas O Morcego, com certeza, é um bom livro. Estou ansiosa para ler o próximo: Baratas. Essas capas da editora Record, com o mesmo padrão, estão sensacionais. Espero que lancem os próximos volumes dessa série com esse padrão de capa em breve.

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais 

Título da obra: O Morcego
Autor(a): Jo Nesbø
Ano da edição lida: 2016
Editora: Record
Páginas: 350
Classificação: ✯✯✯✯✯

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Resenha | O Cemitério, de Stephen King


SINOPSE
Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um "simitério" no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.
Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬


Louis Creed acaba de chegar a Ludlow, uma pequena cidade do Maine, para trabalhar como médico na universidade da região. Sua família veio junto e está muito empolgada com a mudança: Rachel é a esposa e seus filhos são Ellie e Gage. No primeiro dia na nova residência, eles conhecem Jud Crandall, um senhor muito simpático que vive com sua esposa, Norma, na casa da frente.

Numa breve excursão, Jud Crandall leva a família Creed para conhecer o 'simitério' de bichos, o local no qual as crianças da região enterram seus bichinhos de estimação. Após voltarem para casa, Ellie fica muito preocupada com a possibilidade de seu gato, Churchill, morrer. Ela chora bastante e Louis tenta confortá-la da melhor forma possível. É a primeira vez que ela tem contato com a morte, ainda que indiretamente, pois este é um assunto proibido na família devido aos traumas que Rachel sofreu na infância.

Não preciso nem dizer que o gato dela morre, né? Isso não é spoiler, está na contracapa do livro. Para tentar resolver o problema, já que ele não quer contar a Ellie que seu maior temor se concretizou, Louis vai além do recomendado para contornar a situação. Quando uma nova tragédia recai sobre sua família, o livro finalmente mostra a que veio.

Esta é muito mais do que uma história de terror. É uma história sobre morte, luto, sobre como cada um lida com a dor de forma diferente e sobre como ela testa os limites entre sanidade e loucura. O começo é meio arrastado, mas isso não é uma coisa ruim. Stephen King é um dos poucos autores que consegue "enrolar" com maestria. É melhor não se preocupar com a velocidade dos acontecimentos e absorver cada palavra. O Cemitério é uma obra-prima.

As descrições dos cemitérios e do caminho que é feito para chegar até lá são muito sinistras, dá calafrios só de se imaginar naquele local. Eu não cheguei a ter pesadelos com o livro, mas que é perturbador, ah, isso é. Louis Creed foi um personagem que me despertou emoções controversas: ao mesmo tempo em que eu sentia raiva, eu sentia pena e tentava me colocar no lugar dele. Achei isso ótimo, tive muito em que pensar durante a leitura.

E o final? Alguém pode me explicar o que foi aquele final??? Simplesmente sensacional! Recomendo muito a leitura para quem gosta do gênero. É um Clássico, com C maiúsculo!!!

Até a próxima, pessoal!


Informações gerais 
Título da obra: O Cemitério
Autor(a): Stephen King
Ano da edição lida: 2013
Editora: Suma de Letras
Páginas: 424
Classificação: ✯✯✯✯✯