segunda-feira, 23 de março de 2015

Resenha | Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Sinopse:

Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit 451 revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra.

A singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da "indústria cultural", a sociedade de consumo e seu corolário ético - a moral do senso comum", segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que assina o prefácio da obra (desta edição que está na postagem). Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes.

O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quando a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos.

Fahrenheit 451 tornou-se um clássico não só na literatura, mas também no cinema. Em 1966, o diretor François Truffaut adaptou o livro e lançou o filme de mesmo nome estrelado por Oskar Werner e Julie Christie.


Embora tenha sido escrito há mais de 50 anos, Fahrenheit 451 é um daqueles livros atemporais, pois os problemas expostos na obra perduram até hoje em nossa sociedade. E se querem mesmo saber, tais problemas prometem nos atormentar por muito mais tempo. Na história, os bombeiros são responsáveis por atear fogo nas coisas, sobretudo nos livros. As casas são à prova de fogo e possuem salões com TVs enormes, através das quais é possível interagir com o que chamam de "famílias".

Nesta sociedade, os livros são proibidos porque representam conhecimento. No entanto, não foi uma coisa necessariamente imposta: os próprios indivíduos pararam de ler, a fim de dedicar mais tempo ao lazer e a "ser feliz". Embora a felicidade fosse o objetivo, todos pareciam bem infelizes, robotizados. Tomavam pílulas para dormir e o suicídio era recorrente.

Guy Montag, nosso protagonista, vivia da mesma forma que os demais. Era bombeiro e sentia prazer em queimar os livros. Sua esposa, Mildred, era uma típica alienada: vivia para os telões e era uma adepta convicta das pílulas. Tudo parecia certo, mas na realidade só havia um vazio. Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma adolescente muito observadora, curiosa e questionadora, sua perspectiva sobre sociedade muda. Ele começa a pensar sobre as coisas, chega até mesmo a roubar livros. E chega à triste conclusão de que é infeliz. Quando a garota some misteriosamente, ele se rebela contra a política existente.

O que ocorre a partir daí é uma luta para preservar o pensamento e a memória, como a própria orelha do livro nos conta.

Fahrenheit 451 é um livro bem perturbador, pois a alienação das pessoas incomoda demais. Fazem dívidas para acrescentar mais um telão nas paredes da sala, pois dessa forma podem se sentir mais próximas das "famílias"; utilizam radioconchas nos ouvidos e ficam cada vez mais distantes do que ocorre fora de suas casas; tomam pílulas para dormir e por aí vai. Tudo é superficial, vazio, distante, as pessoas não se importam umas com as outras, não se (re)conhecem. É realmente desolador.

O livro provoca muitas reflexões interessantes, mas tive a impressão de que a narrativa ficou um pouco confusa. Em determinados momentos, as palavras fluíam tão depressa que eu não sabia se aquilo estava realmente acontecendo, se era metáfora ou se era o pensamento de Montag. Talvez eu não estivesse prestando a devida atenção. Pretendo reler a obra futuramente.

De toda forma, é uma excelente leitura! Recomendo!

[...] Todo homem capaz de desmontar um telão de tevê e montá-lo novamente, e a maioria consegue, hoje em dia está mais feliz do que qualquer homem que tenta usar a régua de cálculo, medir e comparar o universo, que simplesmente não será medido ou comparado sem que o homem se sinta bestial e solitário. Eu sei porque já tentei. Para o inferno com isso! Portanto, que venham seus clubes e festas, seus acrobatas e mágicos, seus heróis, carros a jato, motogiroplanos, seu sexo e heroína, tudo o que tenha a ver com reflexo condicionado. Se a peça for ruim, se o filme não disser nada, estimulem-me com o teremim, com muito barulho. Pensarei que estou reagindo à peça, quando se trata apenas de uma reação tátil à vibração. Mas não me importo. Tudo o que peço é um passatempo sólido. (p.84-85)

Deprimente.

Abraços e até a próxima!


Informações gerais 
Título da obra: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Ano da edição lida: 2012
Editora: Globo - Biblioteca Azul
Páginas: 215
Classificação no Skoob: ✯✯✯

domingo, 22 de março de 2015

Lançamentos | 1º semestre de 2015, DarkSide® Books

Olá, pessoal!

Quero apresentar para vocês uma nova coluna de "Lançamentos". Neste espaço, pretendo compartilhar algumas novidades que possam lhes interessar.

Já tenho três indicações da DarkSide® Books! Vamos conferir?

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Golem e o Gênio,
de Helene Wecker

Uma fábula eterna.
Realidade e magia neste aclamado livro de fantasia histórica.


Os confrontos e as barreiras vividas por duas culturas tão próximas, ainda que aparentemente opostas. Em Golem e o Gênio, premiado romance fantástico que a DarkSide® Books traz ao Brasil em 2015, o leitor se transporta à Nova York da virada do século XX, em uma viagem fascinante através das culturas árabe e judaica. Seus guias serão poderosos seres mitológicos.


Chava é uma golem, criatura feita de barro, trazida à vida por um estranho rabino envolvido com os estudos alquímicos da Cabala. Ahmad é um gênio, ser feito de fogo, nascido no deserto sírio, preso em uma antiga garrafa de cobre por um beduíno, séculos atrás.


Atraídos pelo destino à parte mais pobre de uma Manhattan construída por imigrantes, Ahmad e Chava se tornam improváveis amigos e companheiros de alma, desafiando suas naturezas opostas. Até a noite em que um terrível incidente os separa. Mas uma poderosa ameaça vai reuni-los novamente, colocando em risco suas existências e obrigando-os a fazer uma escolha definitiva.


O romance de estreia de Helene Wecker reúne mitologia popular, ficção histórica e fábula mágica, entrelaçando as culturas árabe e judaica com uma narrativa inventiva e inesquecível, escrita de maneira primorosa.


Golem e o Gênio foi eleito uma das melhores fantasias históricas pelo Goodreads e ganhou o Prêmio da VCU Cabell de Melhor Romance de Estreia.

Lançamento: Abril de 2015

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Onde Cantam os Pássaros,
de Evie Wyld

A DarkSide® também é alta literatura. 

Uma verdadeira amante das letras, livreira por opção e uma das novas vozes da nova literatura por vocação.

Onde Cantam os Pássaros vem conquistando prêmios literários tradicionais como o Barnes & Noble Discover Award, oferecido pela livraria aos novos autores de destaque; o britânico Jerwood Fiction Uncovered Prize; e o mais importante prêmio australiano, Miles Franklin Award. Com tramas paralelas, passadas em épocas e hemisférios diferentes, o leitor vai montando um intrigante quebra-cabeça com o que lhe é fornecido por essa autora criativa e, ao mesmo tempo, rigorosamente precisa.


No premiado romance de Evie Wyld, a fazendeira Jake White leva uma vida simples numa ilha inglesa. Suas únicas companhias são rochedos, a chuva incessante, suas ovelhas e um cachorro, que atende pelo nome de Cão. Tendo escolhido a solidão por vontade própria, Jake precisa lidar com acontecimentos recentes que põem em dúvida o quanto ela realmente está sozinha – e o quanto estará segura. De tempos em tempos, uma de suas ovelhas aparece morta, o que pode ser muito bem obra das raposas que habitam a floresta próxima à sua fazenda. Ou de algo pior. Um menino perdido, um homem estranho, rumores sobre uma fera e fantasmas do seu próprio passado atormentam a vida de uma mulher que sonha com a redenção.


Aos poucos, vamos descobrindo mais sobre as suas habilidades em tosquiar e cuidar de ovelhas, aprendidas ainda quando jovem em sua terra natal, na Austrália. E vamos aprendendo também o que aconteceu lá, que acabou por conduzir White à uma vida de reclusão e isolamento. E sobre as contradições e diferenças entre um passado (sempre narrado no tempo verbal presente) cheio de vida e calor, e o presente (narrado por sua vez no passado) repleto de lama, frio e um ritmo mais desacelerado, paira uma atmosfera absolutamente brutal.


Com uma prosa verdadeiramente excepcional, o estilo da autora reúne tanto clareza como substância e apresenta uma personagem inesquecível, enigmática, trágica, assombrada por um passado inescapável. Uma mulher forte, ainda que tão passível de falhas, erros e equívocos como todos nós. É uma história de solidão e sobrevivência, culpa, perda e o poder do perdão. Uma escrita visceral onde sentimos a presença de tudo, os odores, o vento, o tempo. Nada passa desapercebido.


Onde Cantam os Pássaros é o segundo romance de Evie Wyld – selecionada em 2013 pela revista Granta entre os melhores jovens escritores britânicos da década – e mantém uma pequena e simpática livraria independente no bairro de Peckham, em Londres. A Review Bookshop possui um pequeno jardim, é dog friendly, realiza o Peckham Literary Festival e, claro, vende os melhores livros de grandes e pequenas editoras. 


Sua prosa refinada com altas doses de terror psicológico está muito bem representada na edição que a DarkSide® Books entrega a seus leitores em 2015. Ela queria se isolar de tudo e todos, mas agora está cercada pela crueldade do silêncio e a mais pura manifestação da natureza. O ciclo da vida é muito mais assustador quando o fim ecoa dentro de nós. Prepare-se para descobrir uma grande autora, e um livro à sua altura.

Lançamento: Maio de 2015


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A Noiva Fantasma,
de Yangsze Choo

Uma história de amor sobrenatural e amadurecimento, escrito por uma nova voz da ficção contemporânea.

1893. Li Lan é uma jovem que recebeu educação e cultura, mas que vive sem grandes perspectivas depois da falência de seus pais. Até surgir uma proposta capaz de mudar sua vida para sempre: casar-se com o herdeiro de uma família rica e poderosa. Há apenas um detalhe: seu noivo está morto.

A Noiva Fantasma, que a DarkSide® Books publica no Brasil em 2015, é o surpreendente romance de estreia de Yangsze Choo, a escritora de ascendência oriental que está encantando fãs por todo o mundo.

Por mais fantásticas que pareçam, as noivas fantasmas ainda resistem até hoje em parte da cultura asiática. A prática, que chegou a ser banida por Mao Tsé-Tung durante a Revolução Cultural, foi muito frequente na China e na Malaia (hoje Malásia) no final do século XIX. O casamento era usado para tranquilizar um espírito inquieto, e garantir um lar e estabilidade para as mulheres que diziam sim a maridos já falecidos. É claro que elas tinham um preço alto a pagar, e com Li Lan não seria diferente.

Evocando obras como Lugar Nenhum, de Neil Gaiman, A Noiva Fantasma é uma história impressionante sobre o amor sobrenatural e o amadurecimento, escrita por uma extraordinária nova voz da ficção contemporânea. Eleito o Livro da Semana pela Oprah.com, entrou em diversas listas de melhores livros do ano, como Indie Next List’s Pick, Glamour Magazine Beach Read, The Bookseller Editor’s Pick e Library Journal Barbara’s Pick.

Lançamento: Abril de 2015

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Os três livros apresentam uma sinopse muito envolvente. Confesso que estou muito ansiosa para ler todos eles, com destaque para Onde Cantam os Pássaros. Parece intrigante e perturbador.

Por hoje é só, pessoal!

Para mais informações sobre lançamentos e outros tópicos, acesse:
http://www.darksidebooks.com.br/


Abraços e até a próxima!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Indicação | Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado

Olá, pessoal! Tudo bem?

Quero apresentar a vocês um novo tipo de postagem aqui no blog, que é o de "Indicação". Utilizarei este espaço para indicar livros infantis que gostei muito de ter lido e que poderão agradar muitas crianças e, quem sabe, incentivá-las a se tornarem grandes leitoras. Não há frequência determinada para este tipo de postagem.

Espero que gostem! ;)


Nada melhor do que começar com um dos meus livros infantis favoritos de todos os tempos, né? Conheci Menina bonita do laço de fita na minha graduação em Pedagogia, através da disciplina "Educação e Antropologia Cultural". Falávamos muito sobre diversidade nessas aulas.

Neste livro, temos um coelho bem branquinho que fica absolutamente encantado por uma menina bem pretinha, que usava o cabelo trançado e amarrado com laços de fita. Ele a achava tão bonita que queria ter uma filha tão pretinha e tão linda quanto ela. Com este objetivo em mente, passou a questionar a menina quanto ao seu "segredo de beleza".

Como a própria contracapa do livro já anuncia, esta é "uma história que fala da beleza negra com leveza, humor e carinho. Sem espaço para o preconceito".

Este livro é excelente para conversar sobre diversidade com as crianças. A conscientização sobre isso deve começar desde cedo. Se você ainda não leu Menina bonita do laço de fita, não perca mais tempo! Leia já! ;)

Abraços e até a próxima!


Informações gerais 
Título da obra: Menina bonita do laço de fita
Autor: Ana Maria Machado - as ilustrações são de Claudius
Ano da edição lida: 2011
Editora: Editora Ática
Páginas: 24
Classificação no Skoob: ✯✯✯

segunda-feira, 2 de março de 2015

TAG | Confissões de uma bibliófila

Fonte da imagem

Olá, pessoal!

Sei que sumi por uma semana, mas já estou de volta! \o/

Para comemorar, selecionei uma TAG muito bacana que vi nos canais "o batom de Clarice" e "Tiny Little Things". Vamos às perguntas...


1. Qual é o gênero da literatura que você se mantém longe?
Não me mantenho longe de nenhum gênero; estou sempre aberta a conhecer e ler coisas novas. Confesso que não leio mangás, mas é mais por falta de vontade e oportunidade do que por algum problema que eu tenha com eles (o que eu não tenho, aliás).


2. Qual é o livro que você tem na estante e tem vergonha de não ter lido?
A trilogia Millennium, de Stieg Larsson. Esses livros causaram rebuliço na época em que foram lançados e eu estava muito ansiosa para comprá-los e lê-los, principalmente porque a maioria de seus leitores os adoraram. Acontece que eles estão parados na minha estante há anos... Shame on me =/


3. Qual é o seu pior hábito enquanto leitor(a)?
Não acho que tenho hábitos ruins. Quer dizer, tentar ler mais de um livro ao mesmo tempo tendo certeza de que não vai dar certo conta? Encher o livro de notas autoadesivas também conta? hehe...


4. Você costuma ler a sinopse antes de ler o livro? (pergunta original tratava sobre livros enviados antes da publicação)
Na maioria das vezes, sim. Mas se o livro é de um autor que eu gosto muito, normalmente compro às cegas. Costumava ler resenhas, mas agora só faço isso depois de ter terminado a leitura.


5. Qual é o livro mais caro da sua estante?
Divina Comédia, de Dante Alighieri. Uma edição lindíssima (e enorme) da Ateliê Editorial/Editora da Unicamp. O preço dela, hoje, é de R$ 280, mas peguei numa promoção por R$ 190 ou algo assim.



6. Você compra livros usados/em sebo?
Sim. Estante Virtual foi uma das melhores coisas que já inventaram! ;)
Não costumo comprar livros em sebos físicos porque aqui na minha cidade não tem. =/


7. Qual é a sua livraria física preferida?
Aqui na minha cidade só tem uma, que é a Nobel. Embora eu não seja muito fã dela, é o que temos pra hoje. Gosto muito também da Fnac. Nunca visitei outras livrarias. :( (que dó de mim)


8. Qual é sua livraria online preferida?
Submarino (rei das promoções), Livraria Cultura, Fnac e Saraiva.


9. Você tem um orçamento (mensal) para comprar livros?
Costumo comprar livros "sob demanda". O que isso significa? Simples: se há livros que quero muito ler em promoção, eu compro; senão, não. Já fui mais descontrolada nessa questão de comprar livros, mas hoje estou bem mais contida.


10. Quem você 'tagueia'?
Todo mundo que quiser responder! :D
que resposta clichê, né? hehe...



Então é isso, pessoal!

Espero que tenham gostado da TAG e sintam-se à vontade para respondê-la também.

Abraços e até a próxima!